A CIP – Confederação Empresarial de Portugal defendeu hoje que o fundo de recuperação para fazer face ao impacto da covid-19, e que foi esta quinta-feira anunciado pelo Conselho Europeu, deve ser baseado em “subvenções”, segundo um comunicado.
“O fundo de recuperação europeu deverá ser construído com base em subvenções e, quando necessário, em empréstimos, ser fácil e rapidamente mobilizado para os Estados-membros, em proporção da crise que enfrentam, e sem condicionalidades desnecessárias”, adiantou a organização, na mesma nota, hoje divulgada.
No final da reunião de quinta-feira, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), reunidos por videoconferência, encarregaram a Comissão Europeia de apresentar urgentemente uma proposta de fundo de recuperação da economia europeia para superar a crise provocada pela pandemia de covid-19.
"Todos concordámos em trabalhar num fundo específico de recuperação dedicado à crise da covid-19, que é necessário e urgente. Este fundo deve ser de magnitude suficiente para enfrentar a extensão da crise e orientado para os setores e partes geográficas da Europa mais afetados. Encarregámos a Comissão de analisar as necessidades exatas e de apresentar com caráter de urgência uma proposta proporcional ao desafio que enfrentamos", anunciou o presidente do Conselho Europeu.
Falando numa conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas, Charles Michel sublinhou que a proposta que o executivo comunitário deverá apresentar muito em breve "deve clarificar o laço com o Quadro Financeiro Plurianual [o orçamento da UE para 2021-2027], que terá de ser ajustado à atual crise e suas consequências".
O presidente da CIP, António Saraiva, citado na mesma nota hoje divulgada, recordou que “o Banco Central Europeu prevê, no pior cenário, uma contração de 15% da zona euro este ano”.
“Isto será uma queda sem precedentes”, salienta.
Por isso, sublinhou, é preciso “assegurar que a União Europeia continua a demonstrar o seu valor e a sua força, como sendo mais do que a mera soma dos seus membros”.
Para o líder associativo, “o fundo de recuperação europeu deverá ter capacidade suficiente para responder às necessidades financeiras dos Estados-membros e deverá estar pronto a entrar em ação com a maior brevidade possível. Serão negociações difíceis, pelo que esperamos que o espírito europeu, que se revelou na reunião de ontem [quinta-feira, 23 de abril], se mantenha”.
A CIP vincou ainda que a proposta que a Comissão Europeia irá agora elaborar “para o próximo quadro financeiro plurianual deve assegurar que este tem a dimensão e os instrumentos necessários para fazer face às consequências económicas desta crise que vivemos e, simultaneamente, preparar a União Europeia para o futuro, garantindo a sua competitividade e liderança em áreas fundamentais como o digital e a investigação e desenvolvimento, nomeadamente na área da saúde”.
A organização elogiou a “maior abertura e comunicação dos líderes europeus”, ainda que “os detalhes se mantenham em aberto”.
No final da reunião, o primeiro-ministro, António Costa, considerou que, se o fundo de recuperação económica se concretizar nos moldes defendidos pela maioria dos Estados-membros europeus, os países vão dispor de uma bazuca contra a crise provocada pela pandemia de covid-19.
"Se tudo se concretizar, será seguramente uma bazuca", declarou António Costa em conferência de imprensa, em São Bento, no final da reunião do Conselho Europeu.
O primeiro-ministro voltou a apontar que o fundo de recuperação poderá envolver verbas na ordem de 1,5 biliões de euros, às quais se juntam as medidas de emergência já aprovadas pelo Eurogrupo e que, no seu conjunto, atingem os 500 mil milhões de euros.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 720 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos.