A diretora-geral da Saúde alertou hoje que “todas as pessoas vão ter de continuar a ter as mesmas medidas de proteção” face à covid-19, mesmo que tenham tido a infeção ou realizado testes serológicos para aferir a imunidade.
“Não vamos pensar que isto [os testes serológicos] é a resposta a todos os nossos anseios. É mais uma pista da ciência para perceber o grau de imunidade da população. São precisos resultados mais sólidos [sobre os testes]. Temos de agir em função do princípio da precaução”, disse Graça Freitas, na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia.
Segundo a diretora-geral da Saúde, “a ciência indica que todas as pessoas vão ter de continuar a ter as mesmas medidas de proteção”.
A responsável assegurou que Portugal vai fazer estes testes e que os procedimentos serão adaptados conforme a evolução científica, mas alertou para um estudo “publicado há poucos dias”, segundo o qual foi detetado o surgimento de anticorpos em 14% da população infetada pelo novo coronavírus, mas “não se sabe se são suficientes para dar proteção [contra nova infeção] ou se a proteção será duradoura”.
“Não quer dizer que não os façamos. Vamos fazer. Mas vamos ter de ter muitas cautelas a interpretar os resultados destes estudos”, frisou.
De acordo com Graça Freitas, os testes serológicos são atualmente “uma pista da ciência para perceber o grau de imunidade da população”, mas até se alcançarem “resultados mais sólidos”, é preciso “agir em função do princípio da precaução”.
“Depois, com o tempo, se os testes serológicos indicarem que as pessoas estão mais protegidas após a infeção, então adaptaremos a nossa prática”, afirmou.
Quanto ao uso de plasma humano para tratar a infeção, Graça Freitas observou existirem também “muitas metodologias em diversos países” e apontou a “task force internacional” composta por várias entidades, nomeadamente o Instituto Português do Sangue e Transplantação.
O objetivo desta task force “é participar num ensaio clínico alargado para perceber se uso de plasma humano é seguro para tratar a infeção”, descreveu.
“Estamos todos a aprender. Todos os dias lemos coisas novas e às vezes lemos o seu contrário no dia seguinte”, disse.
Portugal contabiliza 854 mortos associados à covid-19 em 22.797 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 34 mortos (+4,1%) e mais 444 casos de infeção (+2%).
Das pessoas infetadas, 1.068 estão hospitalizadas, das quais 188 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.201 para 1.228.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo anunciou hoje a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.