O presidente da Associação de Criadores do Maronês, em Vila Real, queixou-se hoje de uma quebra nas vendas de carne maronesa da “ordem dos 95%” e referiu que o principal mercado era a restauração.
“Temos grande dificuldade em comercializar a carne maronesa porque o nosso mercado era a restauração, principalmente, e desde meados de março que não temos quase comercializado vitelos nenhuns", afirmou Luís Pereira aos jornalistas.
Por causa da pandemia da covid-19, muitos restaurantes fecharam as portas.
Luís Pereira afirmou que a associação está a “vender quase só 5%”, ou seja, as quebras rondam “os 95%”.
Foram abatidos, referiu, alguns animais para autoconsumo dos criadores e também para venda no posto que existe na associação, mas que, por causa da pandemia, está aberto apenas às quintas e sextas-feiras.
O responsável falava à margem de uma visita da ministra da Agricultura à sede da associação, em Vila Real. Maria do Céu Albuquerque assistiu também à inscrição deste agrupamento de produtores na plataforma www.alimentequemoalimenta.pt.
Qualquer produtor poderá efetuar o seu registo na plataforma para anunciar os seus produtos e cabazes disponíveis para encomenda/entrega e condições associadas.
O consumidor poderá pesquisar por produtos e por concelho, identificando, desta forma, os produtores da sua região a quem poderá encomendar os seus produtos.
A ministra disse que nesta plataforma, lançada há uma semana, já estão inscritos cerca de 700 produtores e foram registadas mais de 50 mil interações com possíveis consumidores.
Luís Pereira considerou que esta “é mais uma via de escoamento, é uma ajuda” e disse esperar que ajude a “minimizar” a situação que atualmente afeta os produtores carne maronesa, que tem Denominação de Origem Protegida (DOP).
“Hoje começamos a comercializar alguma carne, mas a preço não de carne certificada e não como vitela DOP, mas o preço é abaixo de 35% daquilo que nós estávamos a pagar ao produtor”, referiu.
Luís Pereira disse ainda que a associação lançou um pedido às câmaras onde existe uma maior produção desta raça autóctone, nomeadamente Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Mondim de Basto e Amarante.
“A ver se nos podem ajudar, ou seja, atribuir um subsídio por vitelo que a gente abata desse concelho ou alguma ajuda no preço por quilo”, explicou.
Continuar assim, frisou, “é insustentável” até porque os custos com a alimentação dos animais aumentou e os vitelos estão a crescer e, com mais idade, mais dificilmente “é escoado” e os preços “ainda baixam mais”.
Neste momento há cerca de 4.200 vacas maronesas a produzir raça pura e mil criadores, a maior parte dos quais idosos.
Na sede da associação, os serviço administrativos devem ser retomados em maio até porque, segundo o responsável, é preciso fazer o registo dos vitelos e ajudar a preparar as candidaturas aos subsídios.
Segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, Portugal contabiliza hoje 854 mortos associados à covid-19 em 22.797 casos confirmados de infeção.