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Covid-19: Caminha teme falta de nadadores-salvadores para assegurar época balnear

LUSA
24-04-2020 14:20h

O presidente da Câmara de Caminha disse hoje à Lusa temer o pior se o receio causado pelo surto do novo coronavírus reduzir ainda mais o número de candidatos a nadadores-salvadores necessário para as praias com Bandeira Azul.

"Os nadadores salvadores são peça fundamental na gestão das praias em todos os momentos, ainda mais neste especial contexto. Todos os anos temos problemas com a falta de nadadores-salvadores, são escassos para as necessidades do país. Este ano tememos o pior, pode haver um receio de contágio que reduza, ainda mais, o número de candidatos", afirmou hoje à agência Lusa Miguel Alves.

Nos últimos anos, o concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo, tem hasteado a Bandeira Azul em cinco praias: Foz do Minho, Moledo, Vila Praia de Âncora e Forte do Cão e a praia fluvial de Vilar de Mouros.

Questionado pela Lusa sobre o funcionamento das praias no próximo verão, o autarca socialista reforçou que a falta de nadadores-salvadores poderá ecolocar o país "perante um problema de enormes dimensões que passa, desde logo, por não poderem ser hasteadas todas as bandeiras azuis e, por outro lado, por fazer perigar a segurança em grande parte das praias".

Na quarta-feira, a coordenadora do Programa Bandeira Azul avançou à Lusa que as praias nacionais vão ter lotação máxima de banhistas e que terá de haver "distanciamento social" durante a época balnear, devido à pandemia da covid-19.

Miguel Alves adiantou que, apesar de ter "trocado impressões" com o capitão do Porto e comandante da Polícia Marítima de Caminha, Pedro Costa, sobre "os constrangimentos" já anunciados para a próxima época balnear, defendeu ser preciso esperar "pela concretização de conceitos que o Governo com as diferentes instituições ligadas ao ambiente e á saúde, irá dar nos próximos dias".

"Precisamos de saber qual o número de pessoas que poderão fazer parte de um grupo, qual o distanciamento que deverá existir entre grupos ou pessoas, qual o cálculo de lotação de uma praia, se será permitido que um cidadão possa usufruir de um areal em zona não vigiada. Depois precisamos de definir, com a Polícia Marítima e com os nadadores-salvadores, quem faz a sensibilização das pessoas, quem as orienta no seu comportamento e quem reprime a violação do determinado", especificou.

O autarca acrescentou que a câmara "não tem dúvidas sobre o seu papel na sensibilização das pessoas e, por isso, colocará placas informativas à entrada e no interior das praias, explicando bem cada um dos conceitos de usufruto das mesmas".

"Além disso, em diálogo com os concessionários, definiremos um maior espaçamento entre as tradicionais barracas de praias e adotaremos medidas de restrição da lotação de esplanadas ou mesmo da sua eliminação, colocando os apoios de praia em serviço 'take away'", referiu.

Miguel Alves revelou ainda que a autarquia "irá criar equipas municipais que serão devidamente formadas e estarão identificadas, que terão como missão informar as pessoas, sugerir ou corrigir comportamentos ou chamar a atenção das autoridades para algum tipo de abuso".

Essas equipas irão "complementar o trabalho que, quer a autoridade marítima quer os nadadores salvadores, terão de fazer neste novo contexto, neste novo normal".

"As praias são a AutoEuropa do concelho de Caminha. Percebemos bem as restrições e sabemos que esta é um caminho inevitável face à situação de pandemia que vivemos, mas resistiremos o mais que pudermos a fechar as praias. Para isso precisamos destas medidas de contenção e da responsabilidade das pessoas. Certamente, teremos o apoio de todos para que possamos aproveitar um pouco do nosso sol e do nosso mar, mas não hesitaremos em encerrar uma praia se houver um desrespeito reiterado pelas normas de utilização que vierem a ser aprovadas", avisou.

Segundo a coordenadora nacional do programa Bandeira Azul da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), Catarina Gonçalves, está a ser elaborado um "manual de procedimentos sobre o acesso às praias" de Portugal, um trabalho que está a ser desenvolvido por várias organizações, entre as quais a Marinha portuguesa, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) e a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Este guia deve estar pronto "na primeira semana de maio", sublinhou Catarina Gonçalves, e incorporará a capacidade de carga de cada praia.

Portugal regista hoje 854 mortos associados à covid-19, mais 34 do que na quinta-feira, e 22.797 infetados (mais 444), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Em caminha foram registados 14 casos positivos desde o início da pandemia.

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