Esta é a pergunta que os responsáveis das unidades de AVC de norte a sul do país fazem nestes tempos de pandemia. Com exceção das pessoas infetadas com o novo coronavírus, poucos são aqueles que vão ao hospital, e é evidente a redução no número de tratamentos e internamentos por AVC. A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral organizou um seminário online sobre o tema, e o neurologista João Sargento Freitas partilha com o Canal S+ a apreensão da comunidade médica.
No Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, local onde João Sargento Freitas trabalha, o número de doentes tratados reduziu de forma importante nas últimas semanas. Nas terapias de recanalização para o Acidente Vascular Cerebral, por exemplo, a redução foi de cerca de 40 por cento.
Este médico alerta para os perigos de alguém ter estes sintomas e ficar em casa, negligenciando o tratamento de uma doença de elevado risco para a saúde. O plano, mesmo em contexto de pandemia, deverá ser o mesmo: ligar o 112 para acionar os serviços, que continuam organizados e preparados para receber estes pacientes.
Neste serviço, existem normalmente três a quatro internamentos diários por AVC. No período imediatamente após ser decretado o estado de emergência, aconteceu em vários dias não haver um único internamento. Uma tendência que foi acompanhada da maior hesitação dos utentes no contacto com o 112, e de um acentuado decréscimo registado também num conjunto de terapêuticas do aparelho circulatório.
Para partilhar a sua experiência e refletir sobre o que está a acontecer na realidade do tratamento do acidente vascular cerebral, os responsáveis de unidades de AVC de hospitais de todo o país juntaram-se há alguns dias, num seminário online promovido pela Sociedade Portuguesa de AVC. Apesar de algumas disparidades, João Sargento Freitas destaca um dado revelador: a maioria destas unidades reportaram um decréscimo de entre 25 a 50 por cento no número de tratamentos de fase aguda.