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Covid-19: Reino Unido nega ter sido “decisão política” falta de participação em iniciativa europeia

LUSA
21-04-2020 18:58h

O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, negou hoje que tenha sido uma “decisão política” a recusa do Reino Unido em participar numa encomenda conjunta da União Europeia de equipamento médico para combater a pandemia de covid-19.

“Tanto quanto sei, não houve qualquer decisão política em não participar na iniciativa. Recebemos um convite no Ministério da Saúde e nós aderimos mas, tanto quanto sei, ainda não entregou nenhuma peça de equipamento de proteção individual [para os profissionais de saúde]”, respondeu hoje, durante a conferência de imprensa diária do governo sobre a crise. 

Segundo o ministro, o convite terá sido feito ao governo britânico para aderir enquanto país associado, já que o Reino Unido saiu da UE em 31 de janeiro. 

O governo já tinha sido abordado antes com a falta de participação nesta iniciativa, em março, a propósito da necessidade de ventiladores, e na altura um porta-voz do primeiro-ministro apontou primeiro para um “problema de comunicação” e, mais tarde, alegou que a proposta chegou tarde demais. 

Hoje, interrogado na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, o subsecretário-geral permanente do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Simon McDonald, alegou que “foi uma decisão política". 

Questionado sobre se tinha sido um parecer ou uma decisão política, o responsável explicou que “a embaixada em Bruxelas informou os ministros sobre o que estava disponível, o que estava em causa, e a decisão é conhecida”. 

Matt Hancock foi confrontado devido às dificuldades que o governo tem encontrado em obter equipamento de proteção individual para os profissionais de saúde, nomeadamente batas, a peça em maior risco de esgotar. 

No sábado, pressionado pelas críticas de escassez nos hospitais, o governo anunciou que uma "grande remessa" estava a caminho da Turquia, mas não chegou no domingo, como esperado.

Na segunda-feira, foi noticiado que o envio de um avião militar para recolher o equipamento, mas continua incerta a data de regresso, agravando as queixas de responsáveis de hospitais de falta de confiança no governo. 

“A entrega de equipamento de proteção é uma operação de dimensão e complexidade e sem precedentes”, admitiu hoje Hancock, que disse que o governo deixou de negociar com intermediários e está em negociações diretas com fábricas na China. 

O último balanço, divulgado hoje pelo Ministério da Saúde britânico, contabilizou 129.044 casos de contágio e 17.337 mortos durante a pandemia covid-19, mas este número apenas inclui os casos de pacientes hospitalizados.

Na conferência de imprensa, o subdiretor geral da Saúde de Inglaterra, Jonathan Van Tam, disse acreditar que o pico de infeções já foi ultrapasso em Londres, o qual terá acontecido antes da Páscoa, mas que ainda não passou noutras partes do Reino Unido.

Estatísticas oficiais publicadas hoje indicam que morreram pelo menos mais 1.500 pessoas até 10 de abril do que estimado pelo governo, incluindo 1.043 óbitos em lares de idosos em Inglaterra e País de Gales e mais de 500 outras pessoas em instituições e casas particulares.

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