Os deputados libaneses reuniram-se hoje, pela primeira vez desde há um mês, num teatro de Beirute, para cumprirem as medidas de distanciamento social impostas para combater a covid-19, tendo a sessão marcado também o regresso das manifestações antigovernamentais.
Embora estivessem a usar máscaras, os deputados foram pulverizados com desinfetante quando chegaram ao teatro, conhecido como palácio da Unesco, e passaram um de cada vez pelo portão.
A sessão parlamentar, que vai durar três dias, é a primeira desde que o Líbano impôs medidas de confinamento, há mais de um mês, para limitar a propagação do coronavírus.
Pelo menos 677 pessoas foram infetadas pela covid-19 no Líbano e 21 morreram.
Na agenda dos deputados estão dezenas de leis, incluindo o combate à corrupção no setor público do país, um projeto controverso sobre amnistia geral, o uso de fundos públicos saqueados e a autorização de plantação de canábis para uso médicinal.
O início da sessão fica marcado pelo protesto de centenas de manifestantes, que circulam de carro à volta de Beirute como forma de contestar a liderança política, a quem acusam de ser responsável pela crise que o país atravessa.
Também os manifestantes antigovernamentais obedeceram às medidas de segurança, conduzindo pela cidade nos seus carros para protestar contra a crise económica e política do país.
“Estão muito preocupados com uma lei de amnistia geral, mas a amnistia é para quem? Não há necessidade disso”, questionou uma manifestante, em declarações à Associated Press.
“Precisamos de leis para reformas económicas, é disso que o país precisa. Estamos numa emergência e precisamos saber o que é que o Governo e os deputados estão a fazer para gerir a situação”, acrescentou.
O Líbano enfrenta a sua pior crise económica desde há décadas, com elevado desemprego e perda o valor da moeda para menos de metade do que valia em relação ao dólar.
Vários protestos contra a corrupção do Governo eclodiram no país em outubro, aprofundando ainda mais a crise económica.
Nos últimos meses, os protestos perderam parte de seu ímpeto e foram depois interrompidos pela pandemia de covid-19, mas, hoje, os manifestantes garantiram que iam a retomar a contestação, ficando, no entanto, dentro dos seus carros para cumprir as medidas de segurança.
Alguns dos manifestantes usaram máscaras com a bandeira do Líbano enquanto circulavam em comboios nas principais cidades.