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Rio Ave continua com bactérias resistentes mas com "redução importante" nas ETAR

LUSA
14-11-2019 19:04h

O rio Ave continua a ter bactérias resistentes a antibióticos, mas verifica-se “uma redução importante” nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, indicam os resultados preliminares de um estudo da Águas do Norte avançados hoje à Lusa.

Os resultados preliminares de um estudo da Águas do Norte sobre bactérias multirresistentes no rio Ave, local onde em 2016 foram detetadas quatro estirpes resistentes a antibióticos, indicam que estas continuam a existir, embora haja “uma redução importante” da carga microbiana.

"Nesta fase, é ainda prematuro apresentar conclusões sobre esse estudo. No entanto, é possível antecipar que os resultados obtidos até ao momento indicam que em todas as ETAR [Estações de Tratamento de Águas Residuais] se verifica uma redução importante da carga microbiana, e, portanto também de bactérias, ao longo do processo de tratamento", explicou à Lusa fonte oficial da Águas do Norte, num comunicado por escrito.

Em 2016, a Lusa noticiava que tinham sido detetadas no rio Ave quatro estirpes de bactérias resistentes a antibióticos usados em hospitais para tratamento de infeções graves, incluindo aqueles que se usam exclusivamente nos hospitais para tratamento de infeções graves (carbapenemos) e, na altura, o ministro do Ambiente garantia que estava a acompanhar a situação, para investigar as origens.

O cientista Paulo Martins Costa, da Universidade do Porto, um dos membros da investigação científica que detetou as quatro estirpes de bactérias multirresistentes no rio Ave, afirmava, na altura, que os genes responsáveis pelas resistências das bactérias descobertas no rio Ave eram “idênticos aos identificados em bactérias isoladas em hospitais como, por exemplo, a 'Klebsiella pneumoniae'”.

"As estirpes eram resistentes a todos os 20 antimicrobianos testados, incluindo o imipenem, um antibiótico de última linha que se usa com muita contenção e apenas quando o tratamento com outros antibióticos de primeira e segunda linha não seja eficaz", explicou à Lusa Paulo Martins Costa, médico veterinário e professor no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Questionada pela Lusa sobre os resultados do estudo das bactérias multirresistentes no Rio Ave, iniciado oficialmente em junho de 2018 e com data prevista de conclusão para o verão de 2019, a Águas do Norte disse que os ”resultados das análises físico-químicas já estão apurados”, mas que o “estudo microbiológico”, designadamente a “caracterização dos genes de resistência”, ainda não terminou.

“A caracterização dos genes de resistência ainda está em curso, devido ao elevado número de amostras e complexidade técnica inerente das metodologias aplicadas”, explicam.

Segundo a Águas do Norte, prevê-se que o trabalho esteja “concluído até final deste ano”.

"A conclusão da discussão e análise integral dos resultados decorrerá ao longo do primeiro trimestre de 2020, remetendo-se para o final desse período a divulgação das principais conclusões".

Neste momento, o grupo de trabalho está envolvido na análise e discussão dos resultados já disponíveis e a investigação está a ser “conduzida tendo em consideração as condições de operação das ETAR, a sazonalidade dos períodos de amostragem, a tipologia de afluente que o rio recebe, entre outros aspetos”.

Durante o estudo foram realizadas quatro campanhas de amostragem desde junho de 2018, para cobrir todas as estações do ano.

A primeira campanha de amostragem foi realizada em julho de 2018 (verão) e a segunda campanha foi realizada em outubro/novembro 2018 (outono), depois de janeiro e fevereiro de 2019 e por último entre maio e junho passados.

O estudo conhecido em 2016, onde se verificaram quatro estirpes de bactérias multirresistentes no Ave, fez a recolha de amostras de água em seis pontos do rio Ave, desde a nascente até um troço abaixo de Santo Tirso, onde já em 2010 a mesma equipa tinha isolado uma outra estirpe (também resistente ao imipenem), portadora do mesmo gene identificado na bactéria responsável por um grave surto de infeção no Hospital de Vila Nova de Gaia em Agosto 2015 e que, segundo informou o Ministério da Saúde, colonizou um total de 103 doentes.

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