A empresa Eurospuma, de Espinho, revelou hoje ter procedido a uma reorganização interna para assegurar o emprego dos seus 220 trabalhadores, resistindo "à tentação" de alterar a sua linha produtiva habitual.
Essa unidade do distrito de Aveiro adotou um plano de contingência adequado aos esforços de contenção da covid-19 e vem reajustando a sua laboração apenas de forma a "satisfazer algumas necessidades mais imediatas" de instituições sociais de Espinho.
Esses esforços passam pelo fabrico de almofadas e colchões hospitalares, mas a coadministradora da Eurospuma Ana Morais situa a fábrica no grupo de unidades que o fazem "sem ceder à tentação de alterar completamente a sua linha de produção".
Segundo explica a administração da empresa à Lusa, a principal mudança foi a reorganização dos turnos da fábrica e dos respetivos escritórios "para que as equipas sejam mais reduzidas, aumentando assim a segurança dos funcionários".
Se os 220 profissionais ao serviço da Eurospuma se mantêm com o vínculo laboral normal é assim porque "numa semana trabalha metade da equipa e, na seguinte, a outra metade".
Ana Morais diz que os critérios de fabrico se mantêm os mesmos - "Temos que ser rigorosos no que toca à qualidade, higiene e segurança dos produtos", afirma - mas reconhece que a sua linha de produção "não está a trabalhar a 100% devido às medidas de contingência, pelo que é difícil responder a todos os pedidos" por parte de instituições de solidariedade social.
Apesar dessas restrições, a Eurospuma já conseguiu produzir 20 colchões hospitalares para oferta ao lar da Santa Casa da Misericórdia de Espinho e fabricou ainda 200 almofadas que agora equipam o hospital de campanha do município, instalado na Nave Desportiva Polivalente e com capacidade de 250 camas.
"Esta foi a forma que a Eurospuma encontrou, dentro daquilo que é o seu ‘core business', para dar resposta à escassez de materiais e produtos essenciais no cenário da atual pandemia", realça Paulo Morais, também coadministrador da empresa
No município de Espinho, que envolve 21,4 quilómetros quadrados e cerca de 33.000 habitantes, a autarquia registava quinta-feira à noite dois óbitos e 48 casos confirmados de infeção pela covid-19.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, das quais quase 127.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 428.000 foram já dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da DGS indicava 599 óbitos entre 18.091 infeções confirmadas. Entre esses contaminados, 1.200 estão internados em hospitais, 383 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e, a 19 de março, o estado de emergência em todo o país. Ambos vigoram até às 23:59 da próxima sexta-feira.
O "Grande Confinamento" a que o planeta está sujeito para contenção da covid-19 levou o Fundo Monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos de existência: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona Euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, antecipa-se este ano uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9%.