O Governo da Costa do Marfim anunciou hoje um programa de 380 milhões de euros para responder aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre as principais exportações agrícolas do país, incluindo o cacau e a castanha de caju.
O plano de resposta nacional prevê "um apoio financeiro de 250 mil milhões de francos cfa [cerca de 380 milhões de euros] para os setores do caju, algodão, borracha, óleo de palma, cacau e café", anunciou o porta-voz do Governo e ministro da Comunicação, Sidi Touré, no final do Conselho de Ministros.
A Costa do Marfim é o principal produtor mundial de cacau (cerca de 40% do mercado em 2019) e de castanha de caju (20%).
O cacau é responsável por um terço das exportações do país e assegura a subsistência de entre cinco a seis milhões de pessoas no país.
Apesar de as culturas não estarem a ser diretamente afetadas pela pandemia provocada pelo novo coronavírus, as autoridades estimam que o volume de exportações venha a cair como consequência da recessão económica mundial.
Sidi Touré apresentou também um plano do Governo para apoiar as empresas, que inclui a criação de três fundos de apoio: um de 100 mil milhões cfa (152 milhões de euros) para grandes empresas, outro de 150 mil milhões cfa para pequenas e médias empresas e um terceiro de 100 mil milhões cfa para apoiar o setor informal.
Estes fundos fazem parte do plano global de apoio "económico, social e humanitário" anunciado em 31 de março pelo primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly.
Este plano, que ascende a 1,700 mil milhões de francos cfa (2,6 mil milhões de euros), representa "cerca de 05% do PIB da Costa do Marfim", segundo o primeiro-ministro, e um quinto do orçamento provisório do Estado para 2020.
O Governo da Costa do Marfim prevê que o crescimento económico do país caia para metade (3,6%) em 2020 devido à pandemia.
No domínio da segurança, Sidi Touré anunciou o prolongamento do estado de emergência, em vigor desde 23 de março, até 06 de maio.
O encerramento de escolas e universidades, decidido em 16 de março, foi também prolongado até 17 de maio.
Outras medidas restritivas foram igualmente prorrogadas "até novo aviso", segundo disse mais tarde um conselheiro do ministro à agência France-Presse, nomeadamente o encerramento de fronteiras, locais de culto, empresas e atividades não essenciais, proibição de reuniões e quarentena na região de Abidjan.
A Costa do Marfim tem 626 casos confirmados e seis mortes de coronavírus, de acordo com o último relatório oficial.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Os Estados Unidos da América são o país com mais mortos (26.059) e mais casos de infeção confirmados (609.516) e, por regiões, a Europa somava hoje 85.272 mortos (mais de um milhão de casos) e África 874 mortos (16.285 casos).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.