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Covid-19: Câmara da Feira quer reinício da economia em maio para salvar restauração e hotéis

LUSA
15-04-2020 15:55h

O presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira manifestou-se hoje preocupado com a paragem total na restauração e hotelaria, propondo o reinício pleno da economia em maio para salvar esses estabelecimentos.

Emídio Sousa indicou que naquele concelho do distrito de Aveiro estão instaladas mais de 15.000 empresas de várias dimensões, mas defendeu que, apesar das suspensões temporárias dos contratos ou horários de trabalho ("lay-off") em algumas delas, a generalidade da indústria continua em atividade, com os devidos condicionamentos.

"O problema maior é com a restauração e a hotelaria. Estas áreas tinham muita força em Santa Maria da Feira, mas os estabelecimentos agora estão vazios há demasiado tempo e vão ter muitas dificuldades em recuperar", antecipa.

O autarca social-democrata espera, por isso, que "a economia possa retomar alguma normalidade já no início de maio, para travar estragos maiores" e os empresários poderem implementar os ajustes de funcionamento que se revelem adequados à laboração e ao contacto com o público.

"É que o serviço de 'take-away' não é suficiente e os clientes também têm que recuperar a confiança. As pessoas ainda estão com medo, sentem insegurança e é preciso que percebam que todos estão a tomar medidas para elas poderem sair outra vez e recuperar uma parte da sua vida normal", realça Emídio Sousa.

Outro setor em que o presidente da câmara já nota recessão é a indústria do calçado, que tem um significativo peso no município, "emprega muita gente e está sem encomendas".

Multinacionais como a dinamarquesa Ecco continuam a laborar sob rigorosas medidas de segurança, mas as empresas locais de menor dimensão, muitas vezes de gestão "quase familiar", não conseguem manter o anterior ritmo de produção.

Quanto aos diversos 'lay-off' já em vigor no concelho, entre os quais o da Auto Viação Feirense, o do centro de serviços da fabricante de componentes para automóvel Faurecia, o do grupo de artigos de puericultura Bébécar e o do produtor de colchões Molaflex, Emídio Sousa antecipa: "Uma parte dessas empresas deve poder retomar a atividade em breve, até à segunda quinzena de maio".

Para ajudar essas e outras unidades do município, Emídio Sousa diz estar em diálogo com diversas entidades do setor económico, na perspetiva de, a breve prazo, poder apresentar algumas medidas "destinadas a ajudar o tecido empresarial local na sua recuperação".

Envolvendo um território de 213,4 quilómetros quadrados e mais de 139.000 habitantes, o concelho da Feira registava na passada quinta-feira, segundo dados da autarquia, seis óbitos e 307 casos de infeção por covid-19.

Desde então, na sequência de instruções da Direção-Geral da Saúde (DGS) para que a estatística recolhida pelas autoridades locais não fosse partilhada com as autarquias, a câmara não fez nenhuma outra atualização da evolução epidemiológica local. Cinco dias depois, hoje às 14:30, o site da DGS atribuía ao concelho apenas 292 casos de infeção.

O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, das quais quase 127.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 428.000 foram já dados como recuperados.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o balanço de hoje da DGS indica 599 óbitos associados à covid-19, entre 18.091 infeções confirmadas. Entre esses doentes, 1.200 estão internados em hospitais, 383 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.

O "Grande Confinamento" a que o planeta está sujeito para contenção da covid-19 levou o Fundo Monetário Internacional a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos de existência: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona Euro e de 5,2% no Japão.

Para Portugal, antecipa-se este ano uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9%.

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