A produção de crude enfrenta uma situação “muito difícil”, potenciada pela guerra de preços e pela covid-19, sendo “crucial” a intervenção dos diversos governos, defendeu hoje a diretora para o Médio Oriente e África do Economist Intelligence.
Pratibha Thaker, que falava no seminário ‘online’ "Rússia, Arábia Saudita e a batalha por quota de mercado", organizado pelo The Economist Intelligence Unit, vincou que a produção de crude “enfrenta uma situação muito difícil, em países como a Nigéria ou o Iraque, sendo assim “absolutamente crucial a intervenção política”.
Conforme apontou esta responsável, no primeiro trimestre deste ano, o preço do crude atingiu níveis registados em 2002, valores que não permitem manter o equilíbrio financeiro de muitos produtores.
Já segundo os dados da Agência Internacional da Energia (AIE), a procura mundial de petróleo deverá cair 9,3 milhões de barris por dia este ano devido à pandemia covid-19.
Com esta queda, o consumo mundial deverá assim atingir mínimos de 2012, ou seja, cerca de 90,6 milhões de barris por dia.
Perante estes dados, a economia e as finanças da Rússia e da Arábia Saudita, cuja guerra de preços do petróleo conduziu à maior queda de um dia nos preços desde a Guerra do Golfo, vão ressentir-se, apontou Thaker.
Assim, na Arábia Saudita, a economia vai contrair-se “acentuadamente” este ano, à medida que os principais setores são impactados pelo preço do petróleo e pelo novo coronavírus.
Já na Rússia, de acordo com o analista Matthias Karabaczek, também presente na sessão, a economia “vai entrar em recessão este ano”, prevendo-se uma “desaceleração de 1,6%”.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.