Chama-se Projeto H2 e tem como lema: `Um desafio para todos nós. Uma aposta em cada um de nós`.

A letra H provém da palavra Hospital e do verbo Humanizar e o número 2, do duplo objetivo deste Projeto, que nasceu no CHUC – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, há mais de um ano, em Setembro de 2018 e que teve o parecer favorável da Comissão de Ética deste hospital.

As linhas de ação têm passado pela promoção de uma cultura de humanização, com foco na pessoa, quer no doente, quer na pessoa que cuida do doente, pela formação em empatia, compaixão e capacidade de comunicação entre profissionais de saúde e doente e entre profissionais de saúde entre si, e pela tentativa de diminuição do ruído em ambiente hospitalar.

Estas eram as principais linhas de ação do Projeto H2 – Humanizar o Hospital, antes da Covid-19.

No início do mês de Março, os objetivos do Projeto foram reorientados, para dar resposta à situação de pandemia, e assim nasceu a iniciativa Mensagem H2 - MSH2.

Dificuldades de comunicação atenuadas por meios eletrónicos, que facilitam o contacto com familiares e amigos.  

Esta iniciativa compreende também a possibilidade de retorno.

Ou seja, no momento em que é mostrada esta mensagem (que pode ser um vídeo) ao doente, a adição de outro mecanismo, a videochamada, permite ao paciente entrar, ele próprio, em contato com a família. 

João Pedroso de Lima relembra o momento da entrega da primeira mensagem, que aconteceu há apenas uns dias atrás, e uma mensagem que, à data da realização desta entrevista ainda não tinha sido entregue, de uma neta para um avô.

Numa primeira fase, os destinatários da iniciativa Mensagem H2 - MSH2 são os doentes com infeção por SARS CoV-2 (COVID-19), mas a intenção é o alargamento da mesma, a todos os pacientes internados com outras patologias, que estejam com limitação ou proibição clínica de visitas.

O Projeto H2 tem uma dupla missão.

Para além do doente, também se preocupa com os profissionais de saúde. Afinal, em tempos de pandemia (e não só), importa cuidar de quem cuida.

Para além de ser o responsável do Projeto H2 – Humanizar o Hospital – CHUC, João Pedroso de Lima preside à Comissão de Ética do CHUC e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

As implicações assistenciais e éticas criadas pela pandemia foram abordadas em reunião extraordinária da Comissão de Ética, no passado dia 18 de Março, reunião que contou também com a participação dos diretores dos Serviços de Doenças Infeciosas, de Medicina Intensiva, de Anestesiologia e de Pneumologia.

Foram emitidas recomendações para dentro do hospital respeitantes à utilização de `medicamentos `off-label` e à decisão para a alocação de recursos escassos, como os ventiladores.

João Pedroso de Lima comenta a posição da Comissão de Ética do CHUC e acredita que Portugal não vai chegar a uma situação semelhante à de outros países, como Itália ou Espanha.

"Isto é um desafio para todos, mas uma aposta em cada um de nós. E, cada um de nós, não pode falhar essa aposta", remata.