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Covid-19: Federação das Pescas dos Açores diz que mil profissionais podem ficar sem apoios

LUSA
14-04-2020 16:36h

A Federação das Pescas dos Açores (FPA) manifestou hoje preocupação pelo facto de cerca de 1.000 pescadores não poderem aceder ao Regime Excecional de Apoio ao Rendimento dos Profissionais da Pesca, lançado pelo Governo Regional.

A direção do organismo representativo dos profissionais da pesca manifesta-se, em nota de imprensa, “neste período de elevadas restrições” relacionadas com a covid-19, “muito preocupada com as exigências” nas candidaturas relativas ao Regime Excecional de Apoio ao Rendimento dos Profissionais da Pesca, lançado pelo executivo socialista.

A Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia criou um regime excecional de apoio ao rendimento dos profissionais da pesca no valor de 350 mil euros, na sequência da pandemia da covid-19.

A portaria que aprova este regime, publicada segunda-feira no Jornal Oficial dos Açores, abrange armadores, pescadores, trabalhadores de terra e apanhadores que não sejam beneficiários do Fundopesca.

O apoio financeiro reveste a forma de subsídio não reembolsável com um valor máximo até 80% do salário mínimo regional dos Açores (533,40 euros).

Se os armadores forem simultaneamente proprietários das embarcações só podem beneficiar deste apoio caso o rendimento mensal não ultrapasse o montante correspondente a três vezes o salário mínimo regional em vigor, ou seja, 2.000,25 euros.

Para a FPA, esta medida visava “proporcionar algum bem-estar socioeconómico aos profissionais do sector, que neste momento se viram privados dos seus rendimentos”, mas, “no entanto, essa pode não ser uma realidade para cerca de 1.000 pescadores”.

A FPA considera o documento “muito restritivo e com bastante burocracia documental”, e sublinha que “vão ser mais os pescadores não abrangidos do que os que vão usufruir deste apoio”, algo que “não é admissível”.

Nas condições de acesso, e no que diz respeito ao artigo 4º, a FPA não tem "qualquer dúvida de que o período de contagem, bem como, o número de descargas exigidas, irá excluir muitos pescadores do acesso a esta portaria”.

Considerando que as associações do sector são um “apoio essencial” aos pescadores nestas situações, que envolvem o preenchimento de candidaturas 'online', a FPA “não entende este acréscimo na exigência de documentação, que pode contribuir para o incumprimento das medidas de segurança em vigor no estado de emergência e dos cercos sanitários que se vivem na região”.

“A FPA não aceita, por isso, que se exija o contato entre administrativos e trabalhadores do setor, quando se tenta a todo o custo evitar que a população saia de casa. A Federação das Pescas propõe, assim, que se alterem as condições de acesso a este apoio, nomeadamente que se prevejam prazos de pagamentos praticamente imediatos em relação à candidatura, para que se possa garantir a sustentabilidade económica das famílias dependentes do mar”, concluiu o organismo.

Até ao momento, já foram detetados nos Açores um total de 100 casos, verificando-se oito recuperados, quatro óbitos e 88 casos ativos para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).

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