A Comissão Europeia recomendou hoje regras apertadas para o tratamento do lixo doméstico de pessoas confirmadas ou suspeitas de terem covid-19, mas observou que não existem provas de que estes resíduos individuais promovam a transmissão do novo coronavírus.
Em causa estão recomendações dadas aos Estados-membros e hoje divulgadas por Bruxelas relativas à gestão do lixo em altura de pandemia, com o objetivo de proteger a saúde pública, nas quais o executivo comunitário aponta que as regras europeias “podem ser adaptadas em contexto da crise do novo coronavírus”.
Recorrendo às orientações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), a Comissão Europeia aponta a “necessidade de adoção de medidas específicas em matéria de prevenção e controlo de infeções perante casos suspeitos ou confirmados isolados em casa”.
Em concreto, “os pacientes devem ter um saco de resíduos para tecidos usados, máscaras faciais e outros resíduos”, que deve ser corretamente fechado e recolhido junto com o restante lixo doméstico, refere.
“Os sacos de lixo dos pacientes podem ser colocados diretamente no lixo não separado e nenhuma ação de recolha especial ou outro método de eliminação é necessário”, indica Bruxelas.
Já no que toca ao lixo produzido por serviços de saúde, laboratórios e atividades relacionadas, estes resíduos devem ser tratados como os considerados perigosos, colocados à parte.
Para este tipo de lixo, a Comissão Europeia recomenda aos Estados-membros que garantam um “planeamento adequado das capacidades de tratamento e, quando necessário, de armazenamento de resíduos médicos”.
Relativamente aos trabalhadores que fazem a recolha dos resíduos, Bruxelas pede às empresas do setor que garantam “a disponibilidade e o uso apropriado de equipamento de proteção individual adequado” e a adoção de “padrões de higiene exigentes”.
Apesar destes cuidados adicionais, a Comissão Europeia aponta que, “de acordo com o ECDC, não existem atualmente provas que permitam inferir que os procedimentos de gestão normal dos resíduos não são seguros ou são insuficientes em termos do risco de infeção covid-19 ou que os resíduos domésticos desempenham um papel na transmissão da SARS-CoV-2 ou de outros resíduos vírus respiratórios”.
Ainda assim, apela a uma “gestão adequada dos resíduos” numa altura em que grande parte da população europeia e mundial está confinada em casa, como forma de tentar conter o surto, e a produzir mais lixo doméstico.
“Cada pessoa produz quase meia tonelada de resíduos urbanos por ano na União Europeia, em média, o que significa que todas as semanas são produzidos mais de 20 quilos de resíduos urbanos por agregado familiar”, aponta o executivo comunitário no texto das recomendações.
Ao todo, “a produção anual total de resíduos na União Europeia ascende a cinco toneladas por pessoa” em alturas normais, destaca a instituição, apelando aos países comunitários para que, perante uma maior produção de lixo doméstico, se evitem “perturbações na gestão de resíduos, incluindo a recolha seletiva e a reciclagem de resíduos”.
“É crucial para a saúde e segurança dos nossos cidadãos, para o ambiente e para a economia”, conclui Bruxelas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
O continente europeu, com mais de 973 mil infetados e mais de 81 mil mortos, é o que regista o maior número de casos.