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Covid-19: Expulsão de migrantes etíopes da Arábia Saudita pode acelerar propagação - ONU

LUSA
13-04-2020 20:50h

A Arábia Saudita expulsou mais de 3.000 migrantes etíopes nas últimas semanas, apesar do receio de que as operações de repatriamento possam acelerar a propagação do coronavírus naquele país africano, anunciou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo um porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a agência registou 2.870 repatriados etíopes desde meados de março, dos quais apenas 100 não eram provenientes da Arábia Saudita, mas um trabalhador humanitário ligado ao processo disse à agência France-Presse que cerca de 3.000 repatriados chegaram daquele país nos últimos 10 dias. 

“A expulsão e deportação de migrantes etíopes em situação irregular num momento em que a resposta do seu país à covid-19 não está preparada coloca-os em perigo”, escreveu a coordenadora humanitária da ONU para a Etiópia, Catherine Sozi, num documento consultado pela agência noticiosa. 

O Governo etíope apelou ao fim das expulsões de cidadãos daquele país até conseguir preparar 30 centros de quarentena em Adis Abeba, mas os repatriamentos prosseguem apesar de existirem apenas sete centros prontos para acolher repatriados. 

Segundo Catherine Sozi, há ainda “muito trabalho” pela frente até que os centros de quarentena etíopes respeitem as diretivas da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

A Etiópia registou, até ao momento, 74 casos de covid-19 no país e três mortes, mas os testes à população continuam a ser limitados e os especialistas receiam que o frágil sistema de saúde do país possa ficar rapidamente sobrecarregado por um repentino fluxo de novos infetados.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Dos casos de infeção, cerca de 400 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em África, há registo de 793 mortos num universo de mais de 14 mil casos em 52 países.

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