Os adeptos “não querem arriscar” voltar aos estádios de futebol enquanto a pandemia de covid-19 não estiver controlada e, para a Associação Portuguesa de Defesa dos Adeptos (APDA), discutir o regresso durante o estado de emergência “não tem justificação”.
A presidente Martha Gens não se mostrou surpreendida com o resultado de um inquérito da Universidade de Setton Hall, que indica que 72% dos adeptos norte-americanos não pretendem voltar a um estádio enquanto não estiverem vacinados contra a covid-19, e assumiu, em declarações à Lusa, que essa é também a sensibilidade dos apoiantes lusos.
“Apesar de não haver um estudo semelhante por cá, mantemos a nossa opinião de que não faz sentido voltarem as competições enquanto as autoridades não manifestarem uma decisão de regresso à normalidade”, reforçou Martha Gens.
A adepta sustentou que “o desporto não pode viver alheado de uma realidade que afeta o mundo inteiro” e apelou mesmo às instâncias desportivas para que “não tomem decisões precipitadas” que acabem por colocar em causa a “segurança de todos”.
"Não podemos expor os jogadores, os adeptos e todos os agentes a determinados riscos para fingir que está tudo bem. Todos temos de fazer sacrifícios em prol do regresso à normalidade, mas falar no regresso das competições neste momento é viver numa ‘bolha’, completamente alheados da realidade”, sentenciou a adepta.
Além disso, Martha Gens considerou que, a verificar-se o cancelamento das provas, também “tem de ser dada a palavra aos adeptos”, alguns dos quais compraram bilhetes de época e são prejudicados, mas garantiu que a associação a que preside, filiada na ‘Football Supporters Europe’, ainda não foi auscultada.
“Desconheço se os Oficiais de Ligação aos Adeptos dos vários clubes foram ouvidos, mas nós, enquanto associação, não fomos ouvidos nem tidos em conta”, lamentou.
E, confrontada com a possibilidade de serem necessários vários meses para a normalidade necessária para o reatamento das competições, a dirigente associativa não tem dúvidas que é preferível esperar do que realizar jogos à porta fechada.
“Preferimos que tudo volte à normalidade, pois não teremos interesse nenhum em assistir a treinos pela televisão. Um estádio vazio não passa de um treino”, rematou Martha Gens.
As competições profissionais, I Liga e II Liga, estão suspensas desde 12 de março, após 24 das 34 jornadas, bem como a Taça de Portugal, que tem Benfica e FC Porto como finalistas.
Em Portugal, segundo o balanço feito no domingo pela Direção-Geral da Saúde (DGS), registaram-se já 504 mortos e 16.585 casos de infeções confirmadas.