SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: “As pessoas que estão no terreno merecem a nossa admiração e o nosso aplauso” – Rui Guimarães

CANAL S+ LP
10-04-2020 23:36h

Rui Guimarães, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, explica, em entrevista ao S+, as respostas que têm sido necessárias dar, face ao aumento de número de casos em todo o concelho.

O concelho de Vila Nova de Gaia regista, ao momento, um total de 751 casos confirmados de Covid-19, mais 89 do que na véspera. “Temos em cima do Hospital uma enorme responsabilidade porque servimos uma área, que em algumas especialidades, abrange mais de um milhão de habitantes”, realça Rui Guimarães.

Como resposta às necessidades foram criados “vários níveis de cuidados”, divididos em 4, como nos explica.

No nível 0, estão as urgências com dois circuitos, os respiratórios e não respiratórios, e no exterior, próximo da urgência, foi criada uma estrutura para a realização de uma triagem aos pacientes através da despistagem da Covid-19 e do preenchimento de um inquérito.

O nível 1, é um nível típico das enfermarias de internamento, composto por uma célula de contenção onde os doentes que ainda não tem o resultado disponível são internados.

Os cuidados intermédios estão no nível 2, onde os doentes “tem gravidade suficiente para não estar no nível de vigilância básico mas não tem demasiada gravidade para estarem nos intensivos”. É também aqui, no nível 2, que se recebem os doentes anteriormente internados em intensivos e que recuperaram, mas que não estão ainda suficientemente recuperados para estarem numa enfermaria.

O nível 3, o dos cuidados intensivos, é um dos que mais orgulha o CHVNG/E porque, tal como Rui Guimarães esclarece, neste Centro Hospitalar “tínhamos uma unidade de cuidados intensivos com 12 camas, (…) e esta unidade foi capaz de se multiplicar por várias áreas, e tem também possibilidade de abrir novas áreas.”

O Centro hospitalar tem, à data, cerca de 60 doentes internados, dos quais 16 estão em cuidados intensivos.

Rui Guimarães realça, no entanto, que existem “alguns doentes que já têm possibilidade de estar em casa, com alta clinica, no entanto, encontramos algumas dificuldades em colocá-los nas suas estruturas. Quer nas suas casas, quer nos respetivos lares a que pertencem ou na rede de cuidados continuados”. Por isso mesmo, o Centro Hospitalar decidiu, em colaboração com Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, criar o “Hotel Positivo” para acolher doentes com covid-19, cujas condições de habitabilidade não garantam as normas de isolamento.

Este alojamento está situado na Hospedaria do Parque biológico de Vila Nova de Gaia.

Depois de terem passado por alguns constrangimentos no abastecimento de equipamentos de proteção à Covid-19, Rui Guimarães, garante que o Centro Hospitalar “tem uma equipa no provisionamento extraordinária, que tem feito das “tripas coração” para conseguir encontrar estes equipamentos”.

O Presidente do Conselho de Administração conta-nos ainda como se têm mantido as equipas motivadas, na luta contra um vírus desconhecido e imprevisível.  “As pessoas que estão no terreno merecem, sem dúvida, a nossa admiração e o nosso aplauso”, acrescenta Rui Guimarães.

“Nos últimos dias já não houve nenhum teste positivo aos profissionais” e “isto faz com que as pessoas percebam que a proteção faz sentido e ajuda”. Tivemos mais de 3 centenas de pessoas em quarentena e temos, ao dia de hoje, apenas 30 pessoas. O que num universo de 4000 profissionais é muito reduzido.”, conclui o Presidente do CA do CHVNG/E.

Questionado sobre a realização de testes de diagnóstico, Rui Guimarães revela que “não iniciamos logo os testes na primeira fase, não fomos um hospital de referência no inicio, começamos muito timidamente com 40 por dia mas, neste momento, estamos a ultrapassar os 500 e com capacidade para ir até aos 1000 testes por dia”.

Embora seja imposto o isolamento, fica o apelo para que dê sangue, porque todo o procedimento é previamente agendado e a dádiva é realizada em segurança.

Rui Guimarães pede também para que a população não “baixe a guarda” porque “não vencemos esta guerra e estamos ainda muito longe de o fazer. Os números não são desastrosos como aqueles que se previam mas, relembro, continuamos a aumentar”, acrescenta.

 

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 435 mortos, mais 29 do que na véspera (+6,4%), e 15.472 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 1.516 em relação a quarta-feira (+10,9%).

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.

 

MAIS NOTÍCIAS