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Covid-19: ONG saúdam "com prudência" cessar-fogo no Iémen

LUSA
10-04-2020 15:01h

Meia centena de organizações não-governamentais (ONG) internacionais saudaram hoje, “com prudência”, o anúncio, pela Arábia Saudita, de um cessar temporário das hostilidades no Iémen, país com um sistema de saúde “dizimado” e já atingido pela covid-19.

Num comunicado conjunto, as 59 ONG (entre as quais a Oxfam, a CARE International, os Médicos do Mundo e a Ação Contra a Fome) pedem “urgentemente a todas as partes em conflito para cessarem imediatamente os combates e apoiarem sem demora um cessar-fogo no terreno”.

Os rebeldes huthis, apoiados pelo Irão, rejeitaram na quinta-feira o cessar-fogo, classificando esta iniciativa, apresentada como visando erradicar a propagação do novo coronavírus no país, uma “manobra”.

Por seu turno, os Estados Unidos e a França saudaram o anúncio de cessar-fogo e pediram aos rebeldes para aderirem a esta trégua.

O Iémen anunciou um primeiro caso de contaminação com a covid-19 na província de Hadramut, no sul do país, zona controlada pelo Governo.

As ONG receiam repercussões potencialmente catastróficas se a doença se propagar neste país, pobre e devastado por cinco anos de guerra entre os rebeldes e as tropas governamentais, apoiadas pela coligação militar dirigida pela Arábia Saudita.

“Um cessar-fogo não pode, sozinho, parar a propagação da covid-19 no Iémen”, sublinham no comunicado conjunto, num apelo a todas as partes para que facilitem sem demora o acesso das organizações humanitárias às populações.

Por outro lado, pedem à comunidade internacional para aumentar o financiamento aos programas humanitários em curso no Iémen.

Sublinhando que a situação humanitária neste país é catastrófica, as ONG lembram que 80% da população (24 milhões de pessoas) precisam de ajuda humanitária, que dois terços do território estão privados de acesso a água potável e a saneamento, e que a população enfrenta já a cólera, a dengue e outras doenças.

A pandemia do novo coronavírus já matou 96.340 pessoas em todo o mundo e infetou quase 1,6 milhões em 193 países e territórios desde o início da pandemia, em dezembro passado, na China.

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