O isolamento destas comunidades, o primeiro a ser ordenado na Eslováquia e que irá afetar mais de quatro mil pessoas, foi hoje anunciado pelo primeiro-ministro eslovaco, Igor Matovic.

“Ficarei satisfeito se perceberem a necessidade desta decisão”, disse o governante.

A quarentena destas comunidades, localizadas na zona leste da Eslováquia, está a ser supervisionada pela polícia e pelo exército.

Na passada sexta-feira, unidades de saúde do exército eslovaco iniciaram uma operação de testes à doença covid-19 nestas comunidades ciganas, locais onde muitas vezes não existe acesso a água corrente ou sistemas de esgotos.

As autoridades eslovacas temem que estas condições sanitárias precárias possam potenciar uma rápida disseminação da infeção.

A operação de testes nestas comunidades foi desencadeada depois de ativistas dos direitos da etnia cigana terem solicitado tal ação.

Até quarta-feira, já tinham sido testadas 816 pessoas destas comunidades.

Inicialmente, as autoridades eslovacas estavam focadas em testar as mais de mil pessoas de etnia cigana que tinham regressado recentemente à Eslováquia depois de terem estado em países fortemente atingidos pela pandemia da covid-19, como por exemplo o Reino Unido.

Várias organizações não-governamentais (ONG) locais têm denunciado que a crise provocada pelo novo coronavírus expôs o tratamento discriminatório que os ciganos recebem naquele país.

Ingrid Kosova, do coletivo Montessori, relatou por exemplo, em declarações à agência espanhola EFE, que enquanto os eslovacos que regressavam do estrangeiro eram colocados em quarentena em centros hospitalares, os membros da minoria cigana eram forçados a cumprir o período de isolamento em ginásios ou em outras instalações municipais inadequadas para a situação.

Estima-se que a comunidade cigana na Eslováquia integre cerca de 440.000 personas, o que representa 8% da população do país.

A Eslováquia contabiliza, até à data, 682 casos de infeção pelo novo coronavírus, incluindo duas vítimas mortais.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.

Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 787 mil infetados e mais de 62 mil mortos, é o mais afetado pela pandemia.