As autoridades timorenses estão a atuar junto das comunidades locais para sensibilizar cidadãos que entram ilegalmente pela fronteira com a Indonésia para que cumpram a quarentena, evitando assim riscos de contágio, disse à Lusa um porta-voz.
“Pode haver entradas ilegais porque na fronteira, como se sabe, há timorenses dos dois lados que têm uma vida normal fronteiriça, em termos de comércio, agricultura ou até questões sociais”, disse à Lusa o capitão de mar-e-guerra Donaciano da Costa Gomes, um dos porta-vozes do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
“Com o fecho temporário da fronteira formal para melhor controlo dos cidadãos cá, continuamos a procurar identificar todos os cidadãos que entram informalmente para que cumpram o período de quarentena”, explicou.
Donaciano Gomes explicou que, nesse sentido, o Governo acionou as autoridades locais para ajudar a identificar quem entra ilegalmente no país e, acima de tudo, a “encorajar estes cidadãos para se apresentarem e depois entrarem no processo de quarentena”.
Questionado sobre estimativas relativamente ao número de entradas, o porta-voz do CIGC disse que, até ao momento, apenas 19 pessoas que entraram ilegalmente foram identificadas e, posteriormente, canalizadas para os centros de quarentena.
A porosidade da fronteira que divide a ilha de Timor-Leste tem sido um dos focos de preocupação das autoridades timorenses que a consideram, a par de eventuais casos assintomáticos que possam existir no país, um dos maiores potenciais riscos de contágio.
Fontes da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) explicaram à Lusa que o controlo está a ser feito, para já, pela Unidade de Política da Fronteira (UPF), mas admitem preocupação relativamente a um possível aumento das tentativas de entrada ‘a salto’, especialmente depois do fecho da fronteira.
O reforço do controlo, caso os números de entradas ilegais aumentem, poderia passar tanto pelo aumento de efetivos da UPF nas zonas mais usadas como pelo eventual apoio das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e até com medidas de colaboração com as forças de segurança indonésias, do outro lado da fronteira.
Na maior parte dos casos as entradas ilegais ocorrem em sítios que já são utilizados pelas comunidades transfronteiriças pelo que numa primeira fase é possível “controlar grande parte” de quem entra no país por este meio.
Donaciano Gomes nota que o Governo tem vários níveis de ação, inclusive para responder “caso haja propagação da doença a nível nacional” e que, por isso, as medidas vão sendo implementadas de acordo com a necessidade.
“Mas por enquanto as FFDTL continuam a desempenhar as funções de apoio à PNTL, e à força tarefa que está na linha da frente, dos profissionais de saúde”, explicou.
O porta-voz considerou “muito positivo” que as pessoas que entram ilegalmente se estejam a apresentar para quarentena, o que “demonstra a consciência das pessoas” para com os esforços de combate à covid-19 em Timor-Leste.
“Temos planos e estudos constantes para acompanhar a evolução desta situação e naturalmente para encontrar forma correta de combater a nível nacional e contribuir também para articular com as várias regiões”, frisou.
Do lado da cidadania, reiterou os apelos do Governo para que apesar de continuar a não haver casos de contágio local e de apenas se ter confirmado um caso positivo no país, que é vital continuar a “cumprir as medidas de prevenção” em vigor.
“As avaliações do rastreio que está a ser feito nos centros de quarentena demonstram que não existe até agora nenhum caso doméstico, nacional. Mas temos que estar vigilantes”, disse.
Na sexta-feira, explicou, o Governo vai fazer uma “avaliação de situação em geral, sobretudo no quadro do estado de emergência” como passo para avaliar se as medidas estão a funcionar ou que outras terão que ser implementadas.
Essa avaliação ajudará “os decisores para até ao fim do período de um mês do estado de emergência determinarem se continuará ou se se suspende”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil, tendo 260 mil pessoas sido consideradas curadas.