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Covid-19: Sindicato diz que normas da DGS “excluem papel fundamental” dos enfermeiros

LUSA
08-04-2020 20:33h

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) disse hoje “que as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS), na sua generalidade, excluem o papel fundamental dos enfermeiros e das suas competências no combate à pandemia” do covid-19.

Em comunicado, o sindicato refere que “o exemplo mais incompreensível está patente na norma n.º 004/2020, de 23 de março, da DGS, sobre a Abordagem do Doente com Suspeita ou Infeção por SARS-CoV-2, quando “o país está na fase de mitigação e é objetivo do Ministério da Saúde que 80% dos doentes infetados sejam acompanhados nos seus domicílios, ou seja, que ali lhes sejam prestados os cuidados de saúde necessários”.

“A norma acima referida consagra o comummente chamado de TraceCovid, determinando qual o profissional que, nos Agrupamentos de Centros de Saúde (AcES), tem a responsabilidade de acompanhar os doentes e/ou suspeitos de infeção em casa, nomeadamente, através de chamada telefónica. Para a DGS esta responsabilidade está exclusivamente entregue aos médicos”, queixa-se o SEP, acrescentando que já enviou ao Ministério uma proposta de alteração à norma, exigindo que “sejam consagradas de imediato”.

O sindicato afirma que a realidade do país, independentemente do número de infetados e dos que precisam de cuidados efetivos, é o número cada vez mais elevado de suspeitos que estão a aguardar o resultado dos testes e que, obrigatoriamente têm também que ser acompanhados.

Excluir os enfermeiros deste processo e da norma 04/2020 “é desconhecer que os médicos de família não têm condições de prosseguir o que lhes é atribuídos, é desconhecer que na maioria dos casos são os enfermeiros a desenvolver esta intervenção ou, mais grave, é terem conhecimento mas simplesmente pretenderem excluir os enfermeiros”, sublinha a estrutura.

“O que definitivamente não aceitaremos é que os enfermeiros até possam entrar na plataforma covid com o seu e-mail institucional, mas, no final, a informação gerada atribua aos médicos trabalho que foi desenvolvido por enfermeiros”, critica.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 750 mil infetados e mais de 58 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.669 óbitos em 139.422 casos confirmados até quarta-feira.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

Dos infetados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.

Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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