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Covid-19: Sindicato alerta para laxismo na circulação de infetados em hospital prisional

LUSA
08-04-2020 19:49h

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alertou hoje para uma “atitude de laxismo persistente” na circulação de reclusos infetados com a covid-19 dentro do Hospital Prisional de São João de Deus (HPSJD), em Oeiras.

Em carta aberta enviada à ministra da Justiça, assinada pelo secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, o organismo apontou uma “atitude de laxismo persistente” que põe em causa a saúde dos trabalhadores e reclusos.

“É fundamental clarificar como proceder dentro das instituições e como transportar reclusos infetados de outros estabelecimentos prisionais para o HPSJD”, realça.

Em causa está a denúncia do SIM segundo a qual persiste a “atitude de laxismo” nos circuitos dos doentes no hospital prisional do concelho de Oeiras, distrito de Lisboa.

O sindicato explica que a entrada no estabelecimento é feita pelo segundo piso, e que é no quarto piso que são mantidos os casos covid-19. No terceiro piso situa-se a Unidade de Infecciologia e no quinto piso o serviço de cirurgia e “agora também” a medicina.

“Não é claro nem expedito o circuito a percorrer para evitar o contacto com os infetados, não existindo barreira física. Há apenas um elevador, que não é muito grande, sendo o bastante para transportar uma maca, e que é utilizado para se transportar tudo”, revela a carta.

Segundo o sindicato, para subir ao quinto piso é necessário ir obrigatoriamente de elevador, pelo facto de “não se poder passar a pé pelo quarto piso”.

“O elevador é igualmente utilizado para aceder ao piso 04. Quando se sai nesse piso, o elevador continua ao serviço para outros pisos sem qualquer desinfeção, ​​​​​​​tendo que ser novamente chamado pelo guarda prisional quando é necessário no piso 04”, esclarece.

O SIM adianta ainda que “já foram apresentadas sugestões por profissionais de diferentes áreas”, como utilizar apenas o elevador para doentes covid-19 que precisassem de ser transportados por maca.

“Após ser usado para o transporte desse doente seria realizada uma desinfeção eficaz antes de qualquer outra utilização”, sugere o sindicato.

Um dos argumentos utilizados para a não implementação desta medida é o de que não existe pessoal suficiente, nomeadamente guardas prisionais, para o elevador ser aberto de modo a subir-se diretamente do segundo piso para o quinto piso, acrescenta.

Para o SIM, a segurança dos médicos e do sistema como um todo “é essencial e não pode ficar só na boca dos responsáveis políticos”.

“É essencial agir, e não apenas levando a cabo uma medida facilitista como é a de libertar reclusos”, pode ler-se.

O sindicato alertou ainda para a necessidade de “reforçar o material disponível”, alegando que este “continua muito longe dos mínimos” apesar do apoio da Câmara de Oeiras.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.

 

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