O PSD/Beja criticou hoje o Governo por "não assegurar as condições mínimas de funcionamento" às instituições de saúde, emergência e segurança no distrito, onde os bombeiros admitem recusar transportar utentes suspeitos e doentes com covid-19.
"Numa região onde o apoio do Governo é efetivamente residual nos variados setores da sociedade, não assegurar as condições mínimas de funcionamento às instituições de saúde, emergência e segurança é faltar a um compromisso deontológico por parte da tutela", refere a distrital de Beja do PSD, em comunicado enviado à agência Lusa.
A posição da distrital social-democrata surge depois de hoje ter sido divulgado que os 15 corpos de bombeiros do distrito de Beja admitem recusar transportar utentes suspeitos e doentes com covid-19 por falta de condições e apoios de entidades, o que "coloca em risco a segurança" dos profissionais.
"Por uma questão de racionalização" dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) "à sua disposição", os 15 corpos de bombeiros decidiram "garantir apenas o socorro pré-hospitalar nas condições protocoladas" com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e recusar "todo e qualquer outro transporte de utentes/doentes relacionados com a infeção covid-19".
Trata-se de uma posição conjunta relativa ao combate à covid-19 tomada na segunda-feira e enviada hoje à Lusa pelos comandantes dos Bombeiros Voluntários de Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Beja, Barrancos, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Odemira, Ourique, Serpa, Vidigueira e Vila Nova Milfontes.
Em declarações à Lusa, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Beja, Domingos Fabela, disse hoje que os 15 corpos de bombeiros "ainda não recusaram nenhum transporte" de utentes suspeitos e doentes com covid-19 e "esperam que isso não venha a acontecer".
Mas para tal não acontecer, frisou, os corpos de bombeiros "aguardam respostas articuladas das entidades competentes" aos seus pedidos para poderem ter "as condições necessárias" para cumprirem a sua missão no combate à covid-19.
A distrital de Beja do PSD manifestou-se "profundamente preocupada com a tomada de posição" dos 15 corpos de bombeiros, "mais propriamente" no que diz respeito "às mais elementares condições de trabalho que não têm tido para exercer as respetivas funções na plenitude das suas competências".
Os pedidos dos 15 corpos de bombeiros, como EPI, acesso a testes periódicos de despistagem e à informação sobre os doentes sinalizados como casos positivos e em isolamento, entre outros, "é o mínimo que lhes pode ser facultado para que o seu trabalho seja eficaz e seguro", frisa o PSD.
Segundo a distrital do partido, é "difícil conceber que só à base de posições de força" é que os bombeiros, que "deveriam ser tratados como prioridade, mas são tratados como opção, ganham palco para exigir o que lhes deveria ser facultado por direito e obrigação".
A distrital social-democrata informa que já enviou um documento a relatar a "situação de urgência" ao presidente do PSD, Rui Rio, e ao conselho estratégico do partido para a área da saúde para que "tomem as diligências necessárias para uma solução que vise contribuir para que "todas as condições de segurança e de auxilio sejam asseguradas" no distrito de Beja.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
No Alentejo, segundo a DGS, há 93 casos de infeção confirmados e ainda não se registou qualquer morte por covid-19.