Os Açores registaram hoje a primeira morte associada à covid-19, um doente internado que terá sido infetado por profissionais de saúde, anunciou a Autoridade de Saúde Regional.
Em conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, o responsável da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, adiantou que a doente tinha "cerca de 90 anos" e "morbilidades associadas".
A utente tinha sido admitida "em meados de março" no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, tendo ficado internada na medicina interna, onde terá sido infetada, entretanto, “por via do contacto com profissionais de saúde" ligados a uma das cadeias de transmissão identificadas no concelho da Povoação, na ilha de São Miguel.
"Durante o internamento teve um agravamento do seu estado [de saúde] na sequência do motivo de admissão, não propriamente com a infeção pelo novo coronavírus. Segundo informação da equipa de saúde, não chegou a desenvolver sintomatologia significativa do foro respiratório, nem febre", explicou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
Hoje foram registados também dois novos casos de recuperação na ilha Terceira, a somar-se a um outro já detetado na mesma ilha.
O arquipélago conta já com 72 casos confirmados de covid-19 (35 em São Miguel, 11 na Terceira, 10 no Pico, sete em São Jorge, cinco no Faial e quatro na Graciosa).
Dos 68 casos ativos, 14 estão internados nos três hospitais da região, cinco dos quais em unidades de cuidados intensivos e dois com “vigilância mais apertada”, por terem registado um agravamento do seu estado de saúde.
Desde o início do surto, os Açores já tiveram 1.384 casos suspeitos.
Atualmente, estão em vigilância ativa 2.889 pessoas e 217 aguardam colheita de amostras ou os resultados laboratoriais (mais duas centenas do que no dia anterior).
O aumento do número de casos suspeitos está relacionado com a identificação de um caso positivo num lar no concelho do Nordeste, na ilha de São Miguel, uma mulher de 88 anos que também foi infetada no Hospital do Divino Espírito Santo, mas já tinha tido alta.
Segundo Tiago Lopes, das 142 análises que aguardam colheita ou resultado na ilha de São Miguel, 51 dizem respeito a utentes do lar e 42 a profissionais de saúde da unidade, sendo que um desses profissionais já teve resultado negativo.
Nas últimas 24 horas, 15 profissionais de saúde e dois doentes do Hospital do Divino Espírito Santo, onde já se registaram vários casos de infeção, tiveram resultado negativo, estando ainda a aguardar colheita ou resultado outros 11 profissionais de saúde.
“Apesar de se ter verificado esta cadeia de transmissão, por via dos profissionais de saúde, a verdade é que em termos de impacto na instituição temos registado favoravelmente bastantes resultados negativos, quer em profissionais de saúde, quer em utentes que estavam internados, quer naqueles que já tiveram alta”, salientou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
Os Açores têm sete cadeias de transmissão local identificadas, uma das quais no concelho da Povoação já secundária (com contactos de segunda linha), que teve origem numa unidade hoteleira e levou à infeção de profissionais de saúde e doentes no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
“Nós queremos ver se esta cadeia de transmissão secundária passou a terciária. Se por via desta utente que entretanto teve alta do Hospital do Divino Espírito Santo e foi para o lar do Nordeste, eventualmente teve contacto com profissionais de saúde, porque era uma pessoa dependente, se terá contagiado e aí já vai originar uma cadeia de transmissão terciária”, revelou Tiago Lopes.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).