A fabricante de acessórios para automóveis Gestamp Aveiro, instalada em Oliveira de Azeméis, vai despedir 250 trabalhadores temporários, revelou hoje fonte da coordenação distrital do BE.
Em causa está a multinacional espanhola de engenharia que, pertencendo ao Grupo Gestamp Automoción, emprega cerca de 600 pessoas na freguesia de Nogueira do Cravo, numa unidade dedicada a estampagem, soldadura, pintura, montagem e construção de ferramentas.
Eleitos pela distrital de Aveiro, os deputados Moisés Ferreira e Nelson Peralta dizem que a empresa já vinha incorrendo num "grave atropelo à legislação existente" por recorrer a trabalhadores que, embora afetos a funções permanentes, estavam sujeitos a contratos temporários, e defendem que o despedimento agora em curso se verifica "à boleia da situação pandémica provocada pela covid19".
Esses responsáveis do BE realçam à Lusa, aliás, que, logo no início da pandemia, a Gestamp Aveiro "começou a reduzir o número de trabalhadores, começando por aqueles que precarizou de forma abusiva durante anos" e prejudicando em especial aqueles que ficam "sem qualquer tipo de proteção social".
O partido já remeteu ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social um pedido de informação sobre o assunto, apelando a que o despedimento seja travado para não agravar a crise social e sanitária e reclamando também a devida fiscalização por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho.
Contactada pela Lusa, a Gestamp Aveiro não prestou esclarecimentos sobre o assunto.
Em Oliveira de Azeméis, concelho de 70.000 habitantes e 163 quilómetros quadrados, o balanço da câmara municipal indicava segunda-feira à noite 110 casos confirmados de infeção pela covid-19.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 82.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 260.000 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 380 óbitos entre 13.141 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 1.211 estão internados em hospitais, 196 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar e, a 19 de março, o estado de emergência em todo o país. Ambos vigoram até às 23:59 do dia 17 de abril, sendo que a população está proibida de circular fora do seu concelho de residência de quinta-feira até segunda-feira, no que o objetivo é desincentivar viagens no período da Páscoa.