SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Suspensão de minas de cobre na Zâmbia gera críticas do Governo e sindicatos

LUSA
08-04-2020 17:10h

O grupo Glencore suspendeu hoje as atividades nas suas minas de cobre na Zâmbia por causa da pandemia da covid-19, contra críticas de Governo e sindicatos, que receiam que a decisão ameace milhares de postos de trabalho.

"Parámos as operações nas instalações de Mufulira e Kitwe, no norte do país", disse à agência France-Presse (AFP) uma fonte próxima do grupo multinacional anglo-suíço.

Numa declaração, o gigante mineiro justificou a paragem das operações na filial Mopani Copper Mines até nova ordem, devido à queda dos preços do cobre e a toda a perturbação causada pela pandemia de covid-19 na cadeia comercial.

O Presidente da Zâmbia, Edgar Lungu, fechou as fronteiras do país e proibiu as reuniões públicas para travar a propagação do novo coronavírus, que já infetou 39 pessoas naquele Estado africano e provocou uma morte.

O Governo da Zâmbia condenou veementemente a decisão do grupo Glencore, considerando-a como "ilegal".

"Fomos eleitos para proteger os trabalhadores", disse o ministro das Minas, Richard Musukwa, à rádio estatal. "Permitimos despedimentos quando estes se justificam, mas não neste caso, em que a Mopani procura falsos pretextos para o fazer", disse Musukwa.

De acordo com o Sindicato dos Mineiros da Zâmbia (MUZ), a decisão da Glencore ameaça 11.000 postos de trabalho.

"Apoiamos o Governo, a Mopani não deve parar as suas minas porque vai privar 11.000 mineiros dos seus empregos", disse à AFP o secretário-geral do sindicato, George Mumba.

O segundo maior produtor de cobre em África, a Zâmbia, sofre há anos com a queda dos preços daquele metal, o que tem contribuído para o abrandamento da economia do país e o aumento da dívida pública.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 750 mil infetados e mais de 58 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos em 135.586 casos confirmados até terça-feira.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 14.555 mortos, entre 146.690 casos de infeção confirmados até quarta-feira, enquanto os Estados Unidos, com 12.910 mortos, são o que contabiliza mais infetados (399.929).

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassou as 500 nas últimas horas num universo de mais de 10.500 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.

MAIS NOTÍCIAS