Os mariscadores de percebe da Reserva Natural das Berlengas pediram o fecho da pescaria por tempo indeterminado devido à pandemia e a Direção-Geral de Recursos Marítimos vai emitir despacho nesse sentido, foi hoje divulgado.
"Apesar da época de defeso obrigatório terminar no fim de março, os mariscadores pediram, por iniciativa própria e devido a questões comerciais e de saúde pública, a implementação de uma moratória, visando o fecho da pescaria na Reserva Natural das Berlengas", refere uma nota de imprensa subscrita pelas entidades envolvidas no projeto de gestão sustentável do percebe.
A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Recursos Marítimos (DGRM) "elaborou um despacho" nesse sentido, o qual aguarda publicação, acrescenta a mesma nota enviada à agência Lusa.
"A decisão de fechar a apanha será benéfica não só em termos de saúde pública, mas também para o próprio recurso, que terá mais tempo para recuperar da exploração anterior", é explicado.
No fim da moratória, os mariscadores irão ter "maior disponibilidade de percebe de maiores dimensões" e um "valor comercial mais elevado", acrescenta.
A Reserva Natural das Berlengas, ao largo de Peniche, no distrito de Leiria, possui 40 mariscadores licenciados para a apanha do percebe e que integram o ‘Co-Pesca 2', projeto para a gestão sustentável da pescaria apoiado pelo programa comunitário MAR2020.
O projeto, que se iniciou em 2018, é liderado pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Instituto Politécnico de Leiria (MARE-Politécnico de Leiria), integrando a Associação Natureza Portugal, o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Universidade de Évora (MARE-UÉvora) e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A DGRM, a Unidade de Controlo Costeiro da GNR, a Câmara Municipal de Peniche, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Plataforma de Organizações não Governamentais pela Pesca (PONG-Pesca), a Associação Local Arméria, a Docapesca e a Capitania do Porto de Peniche fazem parte das entidades que têm contribuído de forma ativa para uma gestão mais sustentável do percebe da Reserva Natural das Berlengas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 750 mil infetados e mais de 58 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos em 135.586 casos confirmados até terça-feira.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.