A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) alertou para os riscos de comprar testes genéticos pela Internet e aconselhou as pessoas que os realizem a procurar ajuda de um médico para compreender os resultados.
Apesar de em Portugal ser proibida a “venda direta” ao público de testes genéticos, o consumidor pode adquiri-los através da internet, em sites que não têm origem em Portugal, da mesma forma que compra um livro ou um jogo online, afirma a Deco num artigo publicado no seu ‘site’.
A Deco adianta que, com uma amostra de saliva, é possível fazer um teste de paternidade ou identificar a propensão para certas doenças.
Bastar a pessoa abrir a boca, esfregar “uma espécie de cotonete gigante (zaragatoa) no interior da bochecha e envia a amostra para o laboratório”, recebendo os resultados por e-mail algumas semanas depois.
“A cena pode parecer saída de um filme de ficção, mas é já uma realidade nos nossos dias. Devido à simplicidade do processo, são várias as empresas que atualmente oferecem ao consumidor testes que permitem conhecer a informação genética”, sublinha a Deco.
Através da amostra de saliva ou do chamado "esfregaço das células internas da bochecha”, os testes genéticos de “venda direta” revelam informações desde os traços genéticos às pistas sobre os locais de onde vieram os antepassados da pessoa e a sua etnicidade.
Podem também denunciar a propensão para engordar ou a predisposição para desenvolver determinados cancros, doenças cardiovasculares ou esclerose múltipla.
“Estes testes podem fornecer informações sobre a saúde e a ascendência, mas não servem para diagnosticar, prevenir ou tratar qualquer problema de saúde”, alerta a associação no artigo.
Adverte ainda que, mesmo que revelem uma predisposição genética para determinada doença, esta pode nunca se manifestar: “um resultado positivo não significa que a pessoa vai ter a patologia, apenas indica maior risco de isso acontecer”, porque há vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dos problemas de saúde” os genes influenciam apenas em parte.
Por isso, defende a Deco, “quem faz um teste genético deve ter acompanhamento por um profissional de saúde (acontece nos testes prescritos pelo médico), para que possa compreender o significado e as implicações dos resultados”.
“Uma informação inesperada sobre a saúde, relações familiares ou ascendência podem ser stressantes ou mesmo perturbadoras e um leigo nem sempre é capaz de a interpretar corretamente ou pode ter dificuldade em lidar com a situação”, salienta.
A associação adverte ainda que “tomar decisões sobre eventuais tratamentos ou meios de prevenção de doenças com base em informações incorretas, incompletas ou mal-entendidas pode ser perigoso e sair caro”.