Os autarcas da Moita e do Seixal apelaram hoje para que se iniciem os testes de despistagem à covid-19 nos lares de idosos dos dois concelhos, no distrito de Setúbal, para “prevenir focos de infeção”.
A realização dos testes anunciada pelo Governo ainda “não se iniciou de uma forma generalizada” no distrito de Setúbal e, no caso do concelho da Moita, não ocorreu “em nenhum lar”, avançou hoje o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia (CDU), que também dirige a Associação de Municípios da Região de Setúbal.
“Esta situação dos lares preocupa-nos porque é onde está concentrada a população mais vulnerável a esta pandemia e a realização dos testes é um instrumento muito importante para que haja antecipadamente uma monitorização da situação e a possibilidade de se tomarem as medidas necessárias”, apontou.
Segundo o responsável, até hoje não se registou nenhum caso de infeção pelo novo coronavírus nos lares do concelho, contudo, frisou que “o que está anunciado pelo Governo é que vão ser realizados testes em todo o país aos utentes e aos trabalhadores para controlar a situação”.
A mesma crítica foi feita pelo presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos (CDU), que defendeu que “há que testar as pessoas para prevenir focos de infeção, porque poderão haver pessoas infetadas sem saberem”.
“Nós, de facto, aqui no Seixal não temos informação de situações graves, mas isso não significa que não possa acontecer. Mas, lá está, porque é que não temos? Não sabemos se há pessoas infetadas porque não há testes. É uma situação que muito nos preocupa”, referiu.
Além da preocupação com os lares, Joaquim Santos criticou também o Governo pela falta de testes aos bombeiros e pelo adiamento da abertura da unidade de rastreio à covid-19 no concelho.
“Estava previsto para dia 27 de março, mas agora dizem-nos que só será aberta em 16 de abril, ou seja, 20 dias depois, mas a população do Seixal continua sem ter acesso aos testes. Consideramos que é uma situação bastante grave”, frisou.
Por este motivo, o autarca vai enviar um ofício à ministra da Saúde, Marta Temido, para “colocar esta questão sobre a falta de resposta aos bombeiros e lares e também sobre a unidade de testes”.
O presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) de Setúbal, Fernando Sousa, também alertou hoje que ainda não se iniciaram os testes nos lares do distrito, mostrando-se preocupado com “o que pode acontecer”.
Já a Câmara do Montijo, no distrito de Setúbal, disse à Lusa que tem estado em contacto com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social para identificar os lares de idosos existentes no concelho, encontrando-se neste momento a aguardar que “os testes possam ser iniciados o mais breve possível”.
Além disso, o município adiantou que investiu 50 mil euros no “financiamento de testes nos lares de idosos do concelho que integram a rede pública/solidária”, que já estão a ser feitos a trabalhadores e utentes da Santa Casa da Misericórdia do Montijo, Santa Casa da Misericórdia de Canha, Associação Caminho do Bem Fazer e União Mutualista Nossa Senhora da Conceição.
Segundo os dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), o concelho da Moita regista até hoje 38 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, enquanto o Seixal contabiliza 113 casos positivos e o Montijo 26.
No total, o distrito de Setúbal tem 457 casos confirmados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).