O ministro da Saúde cabo-verdiano garantiu hoje um reforço à investigação em saúde, apoiando a definição de políticas sanitárias, prevendo para 2020 uma dotação, pelo Orçamento do Estado, de 612 milhões de escudos (5,5 milhões de euros).
“O Governo assume a investigação como um dos instrumentos fundamentais para implementar a sua visão para Cabo Verde. Um Cabo Verde desenvolvido, competitivo e que faz da promoção do conhecimento e inovação ferramentas essenciais”, afirmou Arlindo do Rosário.
O ministro da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde falava na abertura do primeiro congresso nacional de investigação em saúde, que arrancou hoje na cidade da Praia, organizado pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP).
De acordo com Arlindo do Rosário, a verba a alocar no próximo ano à investigação, através do Orçamento do Estado, será distribuída por diversos setores, nomeadamente educação, saúde, cultura e indústrias criativas, agricultura e ambiente, e permitirá investir em programas de infraestruturação, recursos humanos, pesquisa e formação.
“Mas a investigação e a inovação deverão ser também incentivadas e apoiadas a nível das instituições académicas, instituições não académicas de investigação, instituições privadas e através do estabelecimento de parcerias público-privadas”, exortou.
Na mesma intervenção, Arlindo do Rosário alertou que Cabo Verde, como país “em fase de transição demográfica e epidemiológica”, ainda “carrega o duplo fardo de doenças transmissíveis e não transmissíveis”.
Por esse motivo, é “muito vulnerável, particularmente na saúde”, daí a importância da investigação, processo liderado pelo INSP, instituído em 2014.
Perante uma plateia com dezenas de especialistas, nacionais e estrangeiros, defendeu uma investigação assente em prioridades como os problemas de “saúde mais importantes”, desde logo a vertente epidemiológica, clínica e em serviços de saúde.
“Que possa envolver os profissionais nas diferentes estruturas de saúde, seja a nível dos hospitais centrais e regionais seja dos centros de saúde. Para tal precisamos promover competências especificas nos profissionais de saúde, apoiar as estruturas que a podem realizar e atribuir financiamento dedicado, mormente através do orçamento da saúde”, apontou.
Nesse sentido, Arlindo do Rosário pediu a aproximação das instituições cabo-verdianas a congéneres da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e africanas.
Em declarações aos jornalistas, a presidente do INSP, Maria da Luz Lima, reconheceu a necessidade de “mais investimento” nesta área, nomeadamente em recursos humanos e meios técnicos.
“A investigação da saúde em Cabo Verde precisa de ser muito melhorada porque o nosso perfil epidemiológico, neste momento, requer que se faça mais investigação para podermos saber onde é que estão as causas das doenças, conhecer melhor os determinantes da saúde e apoiar os decisores políticos na tomada de decisões”, admitiu a responsável.
O INSP tem investigações em área como a erradicação da Malária e prevê avançar com estudos sobre o teor do sal nos alimentos, sobre diabetes e o uso de açúcar em Cabo Verde, e no cancro do colo do útero, neste caso para definir a possibilidade de introdução da vacina no país.
Na sua intervenção, o ministro da Saúde recordou que Cabo Verde conta há dois anos com o Laboratório de Entomologia Médica, que apoia investigadores nacionais, no âmbito de um “processo gradual que culminará com a criação do Laboratório Nacional de Saúde Pública”.
“Que será dotado também de um Laboratório de Virologia e deverá ainda sediar o centro de diagnóstico na vertente de análises clínicas, voltada para servir de referência às estruturas de saúde da rede de atenção primária”, concluiu.