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ENTREVISTA: Covid-19: Terapeutas tradicionais angolanos condenam “loucuras” de charlatões

LUSA
08-04-2020 08:49h

A Câmara dos Terapeutas Tradicionais Angolanos condenou hoje o surgimento de fitoterapeutas com alegada cura da covid-19 no país, alertando a população para o cumprimento das orientações das autoridades sanitárias, e não de "charlatões com loucuras e mentiras".

O posicionamento foi manifestado pelo presidente executivo da Câmara Profissional dos Terapeutas da Medicina Tradicional, Natural, Alternativa e Não Convencional em Angola, Kitoko Mayavangua, garantindo que, "por enquanto, não há qualquer planta" para cura da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Para o responsável, que repudia o surgimento de terapeutas nos meios de comunicação com alegada cura da pandemia, particularizando um cujo vídeo se tornou viral nas redes sociais em Angola, garantiu que o mesmo "não frequenta a Câmara e medidas serão tomadas".

O responsável repudia as alegações de terapeutas que surgiram nos meios de comunicação com uma pretensa cura da pandemia, em particular Andrade Kichimba, cujo vídeo se tornou viral nas redes sociais em Angola, garantindo que o mesmo "não frequenta a Câmara e medidas serão tomadas".

Em declarações à Lusa, hoje, em Luanda, "Papá Kitoko", como também é conhecido no país, manifestou igualmente preocupação com o evoluir da doença no mundo, afirmando que a Câmara está de "mãos dadas" com as autoridades sanitárias na sensibilização dos cidadãos.

"Também estamos a exercer o nosso papel de sensibilização a nível das comunidades onde apelamos, de casa em casa, para a necessidade da lavagem regular das mãos e a higienização do corpo para conter a pandemia", disse.

Angola cumpre hoje o décimo segundo dia do estado de emergência declarado para conter a propagação da covid-19, contando já com dezasseis casos positivos, entre os quais dois recuperados e dois óbitos.

Mais de mil pessoas cumprem quarentena institucional e domiciliar em todo o país.

Segundo o presidente executivo da Câmara dos Terapeutas Tradicionais de Angola, o momento é de pesquisas e de apelos a medidas de proteção junto das comunidades e "não de criar pânico no seio da população com o surgimento de charlatões".

Porque, observou o terapeuta tradicional, a prevenção "é a única para todos" e quando se encontrar uma planta curativa (para o coronavírus), frisou, alguém "tem de escrever, apresentar os argumentos para o devido encaminhamento laboratorial junto das autoridades".

"Não podemos surgir na imprensa e tentar apresentar loucuras ou mentiras. Precisamos olhar e seguir as informações e vamos à procura com investigações para chegarmos lá", apontou.

"O meu apelo vai aos colegas para mobilizar o povo para prevenção única", assinalou Kitoko Mayavangua, referindo que a Câmara "mergulha seriamente em investigações".

Segundo o mesmo responsável, a Câmara e os seus associados "ainda não receberam qualquer solicitação de cidadãos ávidos pela cura da doença" o que, caso aconteça, será prontamente notificado às autoridades sanitárias.

"A situação no país, já com 16 casos, é preocupante e temos de fazer esforços na mobilização para que não se aumentem os casos. O povo precisa de estabilidade e segurança nesta fase", rematou.

A Câmara Profissional dos Terapeutas da Medicina Tradicional, Natural, Alternativa e Não Convencional em Angola, que controla 61.000 associados, quer integrar a equipa de especialistas multissetoriais que trabalham na contenção da pandemia no país.

Em Angola, o coronavírus já causou duas mortes e há o registo de 17 infetados.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com cerca de 735 mil infetados e mais de 57 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos em 135.586 casos confirmados hoje.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 13.798 mortos, entre 140.510 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos, com 12.021 mortos, são o que contabiliza mais infetados (382.256).

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.740 casos e regista 3.331 mortes. As autoridades chinesas anunciaram hoje 32 novos casos, todos oriundos do exterior, e pela primeira vez desde janeiro não reportou mortes.

Além de Itália, Espanha, Estados Unidos e China, os países mais afetados são França, com 10.328 mortos (78.167 casos), Reino Unido, 6.159 mortos (55.242 casos), Irão, com 3.603 mortos (58.226 casos), e Alemanha, com 1.607 mortes (99.225 casos).

O número de mortes devido à covid-19 em África subiu para 487, num universo 10.075 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia no continente. 

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