Denominada Roteiros da Noite, a ação integrada no projeto Noite Saudável das Cidades do Centro de Portugal (NSCCP) – que envolve cerca de quatro dezenas de entidades e abrange 25 centros urbanos da região Centro – visa “capacitar pais e encarregados de educação sobre a realidade vivenciada por jovens em diversos ambientes de recreação noturna”, foi explicado por responsáveis do projeto, durante uma sessão de divulgação da iniciativa.

O Roteiro da Noite, na sexta-feira, com início agendado para as 23:00, incidirá na principal área da movida noturna coimbrã, referenciada pela Praça da República e pela Avenida Sá da Bandeira, e, além de pais e encarregados de educação (foram convidadas/desafiadas as associações de pais das escolas de Coimbra), contará com a participação de responsáveis e parceiros no projeto, desde médicos e assistentes sociais a autarcas e forças de segurança (PSP e GNR) ou voluntários e empresários do setor.

Trata-se de “uma ação de sensibilização junto de todos os agentes da noite” para que ela seja vivida de forma cada vez mais responsável”, mas “sem por em causa a diversão”, destacou o vereador da Câmara de Coimbra Jorge Alves, sublinhando que é uma iniciativa de “prevenção e não de fiscalização”.

Pretende-se, com a iniciativa, contribuir para que a noite seja “agradável, mas segura”, sintetizou o autarca, apelando à participação de pais e encarregados de educação, cujo papel – frisou – é muito importante para o projeto atingir os seus objetivos.

Este é um dos múltiplos subprojetos que têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito do Noite Saudável, programa que incide sobre situações de violência na noite e em espaços recreativos, sinistralidade rodoviária e consumos de álcool e estupefacientes, especificou o médico psiquiatra João Redondo, da comissão científica do NSCCP.

A instituição de um "selo de qualidade" de locais de diversão noturna e a capacitação dos proprietários desses locais para boas práticas a observar junto dos seus clientes – como a venda responsável de álcool, resolução de situações de conflito ou prestação de primeiros socorros – faz igualmente parte do projeto, iniciado em 2016 e que se candidatou a financiamento europeu através do Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco de Crianças e Adolescentes (IREFREA Portugal), parceiro da iniciativa.

Com cerca de dois anos de ações concretas no terreno, é cedo, no entanto, para se avaliar eventuais efeitos, reconhecem os responsáveis, adiantando, por exemplo, que há empresários do setor em Coimbra que são parceiros, mas também “ainda há resistência” por parte de outros, embora a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRSP) seja parceira.

“Um ou dois anos é muito pouco” para se notarem eventuais efeitos do projeto, sublinha o superintendente da PSP Rui Coelho Moura, admitindo que se está perante “uma questão para uma geração”, pelo menos.

Mas o trabalho em rede, implicando as mais diferentes entidades, que, entretanto, começou a ser desenvolvido é já uma consequência “muito positiva” do projeto, salientou a capitão da GNR Joana Lourenço, sustentando que, sem essa cooperação os objetivos do projeto ficariam ainda mais longe de serem atingidos.