As autoridades de saúde dos Açores estão a identificar todos os contactos próximos do homem que viajou para a região sabendo que estava infetado com o novo coronavírus, para perceber se houve transmissão local, foi hoje anunciado.
“Esta identificação está a ser feita pela delegação de saúde. Irão também ser feitas recolhas de amostras biológicas para fazer testes. Iremos ver, ao fim ao cabo, se efetivamente deu tempo de gerar uma cadeia de transmissão por via da chegada deste passageiro não residente à Região Autónoma dos Açores”, avançou hoje o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, no ponto de situação diário sobre o surto da covid-19, em Angra do Heroísmo.
Um homem não residente nos Açores, que tinha tido resultado positivo nas análises à infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 e se encontrava “em hospitalização domiciliária na cidade do Porto", desembarcou, este domingo, no aeroporto de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
À chegada, foi encaminhado para uma das unidades hoteleiras em que ficam em confinamento obrigatório todos os passageiros que aterram na ilha de São Miguel.
Segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional, a delegação de saúde de Ponta Delgada só foi alertada para este incumprimento de isolamento, pela autoridade de saúde da região norte, esta segunda-feira à noite, tendo o homem sido entretanto detido e internado no Hospital do Divino Espírito Santo.
As autoridades de saúde de Ponta Delgada já identificaram todos os passageiros que seguiam a bordo do mesmo avião e estão também a identificar funcionários e hóspedes que possam ter interagido com o homem na unidade hoteleira.
O utente está “clinicamente estável”, de acordo com Tiago Lopes, e poderia ter continuado “em contexto domiciliário”, mas ficará internado no Hospital de Ponta Delgada, para poder ser sujeito a uma “vigilância apertada”.
Questionado sobre o controlo feito nos aeroportos, Tiago Lopes disse que o homem “prestou falsas declarações tanto no embarque como à chegada”, no preenchimento do questionário e em interação com o delegado de saúde, em Ponta Delgada.
“As atitudes e comportamentos de cada um inferem na saúde pública de todos nós. Temos aqui tristemente um caso em que efetivamente um cidadão que já tinha sido diagnosticado positivo pela infeção pelo novo coronavírus, estava em isolamento. Nem se conseguiu confiar no cumprimento desse isolamento em território continental, nem se conseguiu confiar na prestação das suas declarações em frente à autoridade de saúde concelhia. Por este motivo, irá sofrer as consequências”, apontou.
O Governo Regional dos Açores anunciou, entretanto, que iria apresentar uma queixa-crime contra este cidadão.
“É uma situação que configura crime por desobediência, falsas declarações e de propagação de doença. Este cidadão irá ser devidamente julgado em altura própria relativamente a estes crimes e agora estamos a identificar todos aqueles que foram contactos próximos”, frisou Tiago Lopes.
Já foram confirmados 71 casos de covid-19 nos Açores, em cinco ilhas, estando um deles recuperado.
São Miguel, a maior ilha do arquipélago, é que a tem mais casos registados (35), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (três).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%).