SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: PCP defende produção nacional de medicamentos e mais testes para profissionais de saúde

LUSA
06-04-2020 18:34h

O PCP defendeu hoje uma reconversão da produção nacional, para que as fábricas comecem a produzir material clínico, medicamentos e equipamentos para ajudar no combate à pandemia de covid-19, bem como o aumento dos testes aos profissionais de saúde.

Numa nota divulgada hoje pelo partido, Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, defende a reconversão da "produção industrial para passarem a produzir material clínico, reagentes, medicamentos e equipamentos fundamentais para responder ao surto epidémico" provocado pelo novo coronavírus.

O PCP pede que sejam garantidos equipamentos de proteção em número suficiente, falando em "inércia", "hipocrisia" e "falta de solidariedade" por parte da União Europeia, nomeadamente quanto à "retenção de equipamentos adquiridos entre países" europeus.

Apontando que a aquisição destes materiais no estrangeiro é "indispensável", Jorge Pires aponta que, ao mesmo tempo, "testemunha a crescente dependência nacional associada ao abandono da produção e da falta de incentivo à investigação".

"O facto de várias universidades e empresas terem decidido dar o seu contributo, criando e produzindo este tipo de equipamentos, dão razão ao PCP de que é fundamental investir numa estratégia de substituição das importações pela produção nacional. No caso da saúde, a aposta na produção nacional é mais do que uma questão económica, é sobretudo uma afirmação de soberania nacional num setor essencial à vida das pessoas", vinca o comunista.

O partido pede também que sejam realizados mais testes aos profissionais de saúde, bem como a "todos aqueles que contactam com potenciais portadores do vírus, aos idosos (a todos os idosos mesmo sem registo de casos detetados) e aos profissionais que têm a responsabilidade de lhes dar o apoio devido".

Outras das propostas dos comunistas passam pela criação do Laboratório Nacional do Medicamento, por uma "reserva estratégica de medicamentos", e pela contratação de "todos os profissionais disponíveis para voltarem ao trabalho" no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O PCP insiste ainda na reabertura do "máximo possível de camas encerradas no Hospital Pulido Valente", em Lisboa e considerou igualmente "fundamental dar ao SNS todos os meios necessários no plano financeiro, técnico e de profissionais para combater com êxito" o novo coronavírus.

Como tal, uma das prioridades do PCP é "o aumento do número de camas de internamento hospitalar e particularmente de cuidados intensivos, devidamente equipadas", o que, "apenas depende de vontade política para concretizar o investimento necessário".

"Para isso, é fundamental reabrir muitas das mais de 4.000 camas encerradas nos últimos 15 anos (mais de 2000 entre 2011 e 2015), adquirir os equipamentos necessários, e também recrutar os milhares de profissionais que se mostraram disponíveis para voltar ao trabalho. Não se trata de um exercício teórico, mas uma possibilidade real", salienta o dirigente.

O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP pede ainda que o Governo dê primazia a uma "comunicação de verdade e transparência, contra os alarmismos que favorecem o pânico", que não sejam impotas "restrições à intervenção das organizações dos trabalhadores e das populações no desenhar e executar medidas de combate à epidemia".

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes por covid-19, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).

MAIS NOTÍCIAS