SAÚDE QUE SE VÊ

Em tempos de Covid-19, a Saúde Mental não pode ficar para trás

06-04-2020 18:10h

Em termos mediáticos e de comunicação, o grande foco da Saúde em Portugal tem estado na pandemia da Covid-19, uma doença infeciosa, com fortes manifestações físicas, mas que não pode colocar de parte os cuidados de Saúde Mental.

A médica psiquiatra Ana Matos Pires,  Diretora do Serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e Coordenadora Regional de Saúde Mental da ARS Alentejo, alerta para uma nova realidade, que passa pelos cuidados de saúde psicológicos em regime tendencialmente não presencial. Os episódios de descompensação grave e de urgência serão sempre vistos presencialmente.

A legislação nacional, através do Despacho n.º 7059/2018 (depois dos grandes fogos), já previa uma resposta de saúde mental do Serviço Nacional de Saúde em caso de acidente grave ou catástrofe. A resposta à pandemia da Covid-19 vem colocar à prova a articulação entre cuidados.

O confinamento pode potenciar quadros de ansiedade, como o estar só, a vivência 24 horas por dia com a família, a fragilidade do emprego ou uma doença presente que pode agravar-se, mas Ana Matos Pires sublinha o que pode vir depois da pandemia, como lutos que dificilmente serão feitos e as empresas que poderão não sobreviver.

O SNS tem respostas previstas no caso da Saúde Mental destinadas à população em geral, também no quadro da pandemia da Covid-19, mas o mesmo se verifica quando falamos de profissionais de saúde. Ana Matos Pires dá o exemplo do hospital onde trabalha, o Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, em que a prioridade foi rapidamente arranjar um contato de telemóvel, disponível para todos 24/24, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, assistentes operacionais e administrativos. Os especialistas em Medicina Geral e Familiar, os especialistas em Saúde Pública e os envolvidos nos internamentos domiciliários adquirem um papel fundamental nesta questão.

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