Já passámos pela realidade do Centro Social Paroquial de São Jorge de Arroios, que tem a seu cargo várias valências. O encerramento do centro de dia, por exemplo, obrigou a encontrar soluções. O “imperativo de cuidar” é também a tónica dominante nas ERPI – Estruturas Residenciais Para Idosos – ou seja, os lares. É para esta realidade que olhamos hoje.
Teresa Fernandes é assistente social numa Estrutura Residencial Para Idosos, no Porto. É uma IPSS com 24 utentes e com capacidade para 26. A covid-19 ainda não bateu à porta deste lar onde exerce também as funções de diretora técnica, e assim quer se mantenha por muito tempo. Cuidados, pelo menos, não faltam, tal como é exigido pela Direção Geral da Saúde.
É debaixo destes tetos que habita um dos maiores grupos de risco: os idosos. À parte do novo coronavírus, são também grupos de risco quando se fala de solidão e de isolamento. Um grupo que carece do convívio com os companheiros, da presença, do toque e do carinho dos entes queridos. Esse convívio vai chegando, de forma virtual. Mas o ecrã do telemóvel não preenche o vazio.
O plano de contingência foi posto imediatamente em prática,assim que as visitas foram proibidas. Os utentes mais frágeis foram colocados sozinhos, os cuidados com a higiene redobraram, mas esbarraram na escassez de equipamentos de proteção. Teresa Fernandes dá o exemplo das máscaras e dos desinfetantes. Dizem-lhe os fornecedores que a prioridade vai para as unidades de saúde. A assistente social entende, mas não se conforma e deixa uma pergunta.
Foi preciso a pandemia entrar em força em algumas ERPIs no norte do país, semeando a infeção entre utentes e funcionários, para que os olhares se virassem para os lares e para o barril de pólvora que representavam. Depois disso, Teresa Fernandes respondeu a emails da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade) e da UDIPSS (União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social) que questionavam necessidades e procuravam saber de novos casos, mas a volta do correio não trouxe resposta. Não entende porque motivo as autoridades não ouviram o setor social e não traçaram um plano de ação.
As funcionárias do lar que Teresa Fernandes dirige estão em regime externo. Nesta altura, para tornar as equipas internas e minimizar os contatos com o exterior, era preciso que houvesse não só vontade por parte das equipas, mas também um entendimento ao nível da concertação social. A assistente social recorda que existe um contrato coletivo de trabalho.