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Covid-19: Empresários de Portalegre "sem condições" para vários meses sem atividade

02-04-2020 16:53h

O presidente do Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR), Jorge Pais, alertou hoje que os empresários do distrito “não têm condições” para suportar três a quatro meses sem atividade económica, na sequência da pandemia de covid-19.

“As pessoas não vão de um dia para o outro regressar completamente à normalidade. Isto vai demorar ainda e, na generalidade, as nossas pequenas e microempresas não têm condições para suportar três ou quatro meses sem atividade económica”, afirmou o representante dos empresários do Alto Alentejo.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do NERPOR previu que se “adivinham dias difíceis” para os pequenos comerciantes e empresários do distrito de Portalegre, região que, antes da pandemia da covid-19 chegar a Portugal, "já apresentava um tecido empresarial débil".

“Vamos recebendo 'feedbacks' de empresas, que estão muito apreensivas e preocupadas ao verem que esta situação se vai arrastar e elas não vão suportar, porque a atividade comercial vive do dia a dia, da caixa e da rotatividade do fluxo financeiro”, disse.

“Adivinham-se dias difíceis e é preciso pensar em compatibilizar as medidas de proteção da saúde e segurança em relação a covid-19 com as medidas da economia e conseguir um equilíbrio”, defendeu.

Nesse sentido, o presidente do NERPOR preconizou a abertura de outras atividades económicas ao público, cumprindo regras de segurança, à semelhança do que se está a fazer em relação aos supermercados.

“Há necessidade de pensar como é que se consegue, simultaneamente, proteger a parte relativa à saúde, mas também permitir que as empresas não sufoquem sob o peso de uma imposição de simplesmente fechar as portas e não fazer absolutamente nenhum negócio”, disse.

Ainda no distrito de Portalegre, o presidente da Associação Empresarial de Elvas, João Pires, também se manifestou preocupado com a atual situação do comércio, considerando "insuficientes" os apoios que o Estado vai atribuir aos empresários.

“As pessoas estão a perceber melhor os apoios do Estado. Estavam com alguma ilusão e agora, ao perceberem, estão a virar um bocadinho, porque acham injusto, porque é um bocadinho chutar para a frente com a barriga o problema e as empresas a endividarem-se”, disse.

Dizendo temer a entrada em 'lay-off' de várias empresas da região, João Pires recordou que há pequenas empresas e comerciantes com dívidas à Segurança Social e à Autoridade Tributária e Aduaneira, não podendo, assim, recorrer aos apoios anunciados.

A restauração é um dos “pratos fortes” da atividade económica de Elvas, que vive principalmente de clientes oriundos da vizinha cidade espanhola de Badajoz.

Com o controlo nas fronteiras, na sequência da epidemia, o setor, segundo João Pires, teve de se “reinventar”, tendo uma parte dos restaurantes optado por servir os “poucos” clientes que vão surgindo através do serviço de 'take-away'.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS), registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).

No Alentejo, segundo a DGS, há 59 casos de infeção confirmados e ainda não se registou qualquer morte por covid-19.

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