Os médicos em greve desde há seis semanas no Zimbabué por aumentos salariais excluíram hoje colocar um fim ao protesto, desafiando uma decisão de justiça que lhes ordenou que regressassem ao trabalho.
A justiça zimbabueana declarou “ilegal” a greve dos médicos do setor público, na sexta-feira, e ordenou que os profissionais voltassem ao trabalho "dentro de 48 horas".
No domingo, a Associação dos Médicos Hospitalares do Zimbabué (ZHDA, na sigla original), na origem do movimento, anunciou que irá recorrer desta decisão.
“Tomamos nota da decisão, mas infelizmente não podemos acatá-la", disse hoje Masimba Ndora, porta-voz do ZHDA.
O representante sindical, citado pela agência France-Presse, acrescentou: "Nós continuamos impossibilitados de ir trabalhar".
"Não há nada que possamos fazer até porque nós não temos meios para trabalhar e atender às nossas necessidades básicas”, explicou.
Num país confrontado com uma hiperinflação, os médicos afirmam que os seus salários perderam 15 vezes o seu valor no espaço de um ano.
O Zimbabué está mergulhado há mais de 20 anos numa forte crise económica.
Este país da África Austral tem estado confrontado com a escassez, a queda da moeda local e uma elevada inflação - taxa anual superior a 300% em agosto, segundo o Banco Mundial, mais do dobro, segundo estimativas de economistas.
As negociações entre o Governo e os médicos grevistas estão num impasse, depois de o ZHDA ter rejeitado, no início do mês, uma proposta para aumentarem os salários em 60%.
Devido à desvalorização do dólar zimbabueano, os médicos não ganham mais que o equivalente a uma centena de euros por mês.
Na semana passada, enfermeiros de dois dos maiores hospitais da capital, Harare, juntaram-se à greve, segundo a imprensa local.
O sindicato dos professores nas zonas rurais também apelou hoje aos seus membros para não comparecerem no trabalho, para exigir uma revalorização dos seus salários.