A Associação Sindical do Pessoal Administrativo da Saúde (ASPAS) criou um registo dos administrativos do Serviço Nacional de Saúde que contraíram covid-19 e há já pelo menos três profissionais infetados, disse hoje o presidente do organismo, Luís Grabulho.
Em entrevista à Lusa, o dirigente sindical assegurou que “não há qualquer tipo de desconfiança” em relação aos dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), explicando que o objetivo deste registo – para sócios e também não sócios - é conhecer “o impacto junto dos associados” e avaliar eventuais mecanismos de apoio.
“Houve três [administrativos] que já nos reportaram que contraíram covid-19. Vamos tentar otimizar esse registo, tentar ver o impacto e, inclusivamente, estudar se podemos oferecer algum tipo de ajuda da associação a pessoas que tenham danos mais significativos”, afirmou o líder da ASPAS, sublinhando: “Esse fundo de apoio social aos associados já estava criado e não tem sido utilizado. É um fundo significativo em relação ao nosso orçamento anual”.
Luís Grabulho explicou também que o pessoal administrativo do setor tem sido sujeito nas últimas semanas a “mais horas e mais turnos” e alertou para o risco de rutura do Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a atual pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Todos os hospitais já tinham falado de rutura antes da covid-19, não era novidade nenhuma. Tudo o que se está a conseguir agora, está a ser conseguido com grande esforço de toda a gente. Se antes estivesse bem, agora conseguíamos responder muito melhor. Neste momento, é a resposta possível, mas há sempre o risco de rutura porque os números podem disparar. Enquanto subirem ao ritmo a que estão a subir, é preocupante”, notou.
Por outro lado, o líder sindical reconheceu que houve melhorias nas últimas semanas ao nível da disponibilização de equipamentos de proteção para os administrativos da saúde, depois de ter deixado críticas públicas em meados de março à falta de máscaras, luvas e outros materiais. No entanto, lembrou que muitos dos cerca de 2.000 associados continuam “com receio” de serem infetados.
“Faltava muita proteção para as pessoas. Houve sócios que compraram proteções em acrílico para pôr nas secretárias onde estavam a fazer atendimento. Havia falta de máscaras, luvas e outros materiais. Atualmente, não nos tem sido reportada qualquer falta de equipamento. As medidas de proteção estão bastante mais adequadas”, observou, sem deixar de frisar que os administrativos estão também “a dar a cara” neste combate.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 870 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 44 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).