A linha verde covid-19, criada pelas autoridades de saúde de Cabo Verde para aconselhar e acompanhar eventuais casos, já recebeu quase 8.000 chamadas, mas a responsável pela sua coordenação alertou hoje que muitas “são para gozar”.
“Muitas chamadas são para gozar, fazem um mal uso. Atrapalham a linha para quem realmente necessita”, explicou a coordenadora da linha 800 11 12, Vitória Veríssimo, em declarações aos jornalistas à margem da visita que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, fez hoje ao centro de coordenação.
A responsável explicou que a linha já atendeu um total de 7.915 chamadas, normalmente de pessoas com dúvidas sobre a doença, que em Cabo Verde já regista seis casos e um óbito: “Querem saber quais são os sintomas e a forma de contágio. São as primeiras preocupações das pessoas que ligam para a linha”.
A linha funciona com enfermeiros e médicos que fazem a triagem no centro na Praia, reencaminhando posteriormente as chamadas para um corpo constituído por 46 médicos em várias ilhas, reforçado a partir de hoje com 12 psicólogos.
A maioria das chamadas, explicou, são de habitantes nas ilhas de Santiago e da Boa Vista, que são também as únicas com casos confirmados da covid-19, chegando a um pico de 600 ligações num dia.
“Por dia, recebemos em média 300 chamadas. Quando há registo de um caso positivo as chamadas duplicam”, disse.
Desde terça-feira que a central tem a possibilidade de fazer o rastreamento das chamadas, mas Vitória Veríssimo diz que para já é apenas para devolver as que acabam por ser interrompidas. Contudo, é uma “possibilidade” vir a usar esse recurso para penalizar quem faz um uso incorreto deste apoio.
“O que nós apelamos é que se faça um bom uso do número, não fazer as chamadas que não são para a finalidade que a linha está constituída, porque isso serve também para podermos fazer uma despistagem e dar respostas a tempo”, sublinhou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, depois de visitar o centro na companhia dos ministros da Saúde, Arlindo do Rosário, e da Administração Interna, Paulo Rocha.
Cabo Verde cumpre hoje o quarto dia, de 20 previstos, de estado de emergência para conter a pandemia da covid-19, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas suspensas.
Para o primeiro-ministro, é necessário o “reforço da proteção individual da população”, lançando o apelo para que fiquem em casa.
“É preciso muita disciplina nesta fase”, sublinhou o chefe do Governo.
O número de mortes em África subiu para 196 nas últimas horas num universo de mais de 5.700 casos confirmados em 49 países, de acordo com as estatísticas sobre a doença no continente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.