O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, desculpou-se hoje pelo “excesso” de brutalidade cometida pela polícia para aplicar o recolher obrigatório e admitiu outras medidas suplementares para lutar contra o novo coronavírus.
“Venho apresentar as minhas desculpas a todos os quenianos por alguns excessos que eventualmente tenham sido cometidos” durante o recolher obrigatório, declarou o Presidente Kenyatta durante uma gravação de um encontro com dois quenianos que se curaram da covid-19.
Desde que o recolher obrigatório foi instaurado na sexta-feira, a polícia não tem hesitado em recorrer ao gás lacrimogéneo e à bastonada para dispersar a população, nomeadamente em Mombaça (sudeste) e Kisumu (oeste).
“Mas asseguro-vos que se trabalharmos juntos e compreendermos que este é um problema que a todos diz respeito e se caminharmos no mesmo sentido iremos ultrapassar” esta pandemia, prometeu o chefe de Estado.
"Quero agradecer a todos aqueles que, em Mombaça, que agora estão a apanhar o ferry de uma forma ordeira”, exemplificou.
Na sexta-feira, na cidade portuária de Mombaça, a polícia usou gás lacrimogéneo e agrediu com paus dezenas de habitantes que se aglomeravam para apanhar o 'ferry' que liga a cidade à costa sul do país.
Cenas semelhantes aconteceram em paragens de transportes públicos em Nairobi. Em Kisumu, a polícia confrontou violentamente os comerciantes que se recusaram a fechar as suas lojas nas favelas.
A polícia abriu na terça-feira um inquérito sobre a morte de uma criança de 13 anos morta a tiro na varanda de uma casa numa favela em Nairobi, após a polícia ter disparado tiros para impor o recolher obrigatório.
O recolher obrigatório é a principal medida adotada pelo Governo queniano para limitar a propagação do novo coronavírus. Também encerrou fronteiras, as escolas e incentivou as pessoas a trabalharem em casa e a evitarem as reuniões.
O Quénia registou 59 casos de infeção e um morto associados à covid-19, causada pelo novo coronavírus.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.
O número de mortes em África subiu para 196 nas últimas horas num universo de mais de 5.700 casos confirmados em 49 países, de acordo com as estatísticas sobre a doença no continente.