O presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB) defendeu sexta-feira que “é fulcral” avançar na regulamentação do estatuto do Cuidador Informal, evitando que este assunto fique esquecido, depois de Portugal ter dado “um passo importante” na sua aprovação.
Em comunicado, na véspera de se assinalar o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, a 12 de outubro, Rui Nunes destaca a importância do estatuto do Cuidador Informal, sublinhando que “vem conferir dignidade ao trabalho desenvolvido por quem assumiu como missão de vida cuidar do outro”.
“É fulcral que este tema não fique esquecido e se dê o passo seguinte e se regulamente este estatuto para que os apoios possam ser usufruídos por quem deles carece”, defende o responsável.
Para Rui Nunes, “é sobretudo uma questão de dignidade humana e de justiça social que está em jogo”, já que o cuidador informal é, maioritariamente, alguém que abdica da sua vida pessoal e profissional para cuidar do bem-estar de doentes de cuidados paliativos.
O médico e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto destacou que a aprovação deste estatuto “é fundamental” para que os cerca de 800 mil cuidadores que se estima existirem em Portugal possam começar a beneficiar dos apoios e da proteção definidas por lei.
“O cuidador informal assume-se como uma peça-chave na prestação de cuidados, sendo o elo de ligação ao pessoal clínico para que todo o processo de cuidado funcione da melhor forma”, sublinhou Rui Nunes, acrescentando que “estas pessoas acabam por, também elas, carecer de apoio e cuidados, pois, não raras vezes, têm uma ligação afetiva e emocional muito forte ao doente”.
Dados citados pela Associação Portuguesa de Bioética, com base num estudo do anterior Governo, demonstram que o trabalho dos cuidadores informais deverá valer qualquer coisa perto dos 333 milhões de euros por mês, cerca de 4 mil milhões de euros por ano.