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Covid-19: Adiamento das eleições na Etiópia é positiva mas votação tem de ser rápida após pandemia - Eurasia

LUSA
01-04-2020 11:20h

A consultora Eurasia considerou hoje que a decisão de adiar as eleições na Etiópia é positiva, mas alertou para a necessidade de ser marcada uma data quando as condições decorrentes da pandemia da covid-19 melhorarem.

"A curto prazo, a decisão vai ser apoiada, já que várias vozes da oposição defendiam o adiamento das eleições, mas o Governo terá de agir rapidamente para estabelecer uma nova data quando a infeção regredir e se ganhar mais clareza relativamente à trajetória da pandemia", escrevem os analistas da Eurásia, num comentário à decisão governamental.

Caso contrário, alertam, "a ansiedade cresceria relativamente ao Governo, podendo ser criticado por estar a preparar a sua própria vitória, ao mesmo tempo que proíbe a atividade política".

A comissão eleitoral da Etiópia anunciou na terça-feira que as eleições gerais no país, previstas para 29 de agosto, foram adiadas sem nova data, devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

"Devido aos problemas com o novo coronavírus, a comissão eleitoral decidiu que não poderia realizar as eleições na data prevista e, portanto, cancelamos e suspendemos todas as atividades" relacionadas com o ato eleitoral, disse a comissão num comunicado.

A comissão eleitoral não deu uma nova data para a realização das eleições, adiantando apenas que um novo agendamento será proposto "quando a pandemia acabar".

As eleições naquele país são vistas como um passo crucial na transição política que o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, está a tentar implementar contra um cenário de elevado nível de violência comunitária.

A campanha oficial deveria começar em 28 de maio e a publicação dos resultados deveria ter lugar antes de 08 de setembro.

A Etiópia tem registados oficialmente 25 casos de infeção pelo novo coronavírus e as autoridades federais e regionais já impuseram restrições, como a proibição de reuniões em massa e de viagens.

Estas medidas, não permitiram alegadamente a conclusão atempada de algumas das fases fundamentais para a realização das eleições, tais como o recenseamento eleitoral e o recrutamento e formação de observadores, disse a comissão.

Nas anteriores eleições legislativas de 2015, a coligação governamental, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), ganhou os 547 lugares no parlamento. Desde então, porém, Abiy Ahmed decidiu transformar o EPRDF num partido político unificado, o Partido da Prosperidade Etíope.

No entanto, esta mudança controversa foi rejeitada por uma das quatro forças da EPRDF, a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), que até 2018 dominou a coligação e foi muito marginalizada por Abiy, que é da etnia Oromo, uma das duas maiores do país.

Além disso, a abertura política de Abiy suscitou velhos ressentimentos étnicos. Em outubro, os confrontos em Oromia resultaram na morte de 86 pessoas.

O número de mortes em África subiu para 173, com os casos confirmados a ultrapassarem os 5.000 em 48 países, de acordo com as estatísticas sobre a doença no continente.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 828 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 41 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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