Bem sei que há um virus lá fora e tudo o que aqui escreverei é demasiado insignificante, fútil até, comparado com as agonias que o mundo atravessa. Bem sei. Por isso perdoem-me o que vou dizer: não tenho café! E isto, à escala microscópica que é o meu universo, é um grande problema. Primeiro porque preciso de duas doses mínimas de cafeína para funcionar, depois porque tudo o que me não me apetece neste momento é sair e enfiar-me num supermercado. Com os relatos de açambarcamento que nos chegam diariamente,creio que a probabilidade de ainda existir café nas prateleiras deve ser igual à do papel higiénico, quando viemos todos para casa. Não sei se sobreviverei ao fim de semana, sem escola e teletrabalho, sem café. E suspeito que terei de aumentar a dose porque se anteveem dias difíceis quando se tem quatro crianças em casa.
Já desisti de ter a casa imaculada. A mesa da sala, entretanto, transformou-se num escritório improvisado, com restos de aparas de lapis e com uma mancha preta (a mesa é branca) que só sai com acetona e que, adivinhem, também não tenho. Mas tenho uma aranha de plástico, com pernas pegajosas, colada no tecto. Ainda ninguém se deu ao trabalho de a retirar e até gosto da ideia que por lá continue, ao menos assim não me enche a parede de vidro com bolas de gordura, pó e outras coisas que não quero nem saber.
Chateia-me ter de ir fazer sopa a uma sexta feira à tarde mas continuo implacável no que respeita a uma alimentação saudável e equilibrada e assim sempre evito algumas birras à mesa. Um porque não gosta de bróculos, outro porque só come a cenoura crua e à dentada. Vai tudo para a sopinha e assim não há argumentos.
O gato que costuma fugir, não tem colaborado. Continua a sair e já me dá trabalho acrescido. Primeiro: apanhá-lo e mantê-lo sossegado no colo. Segundo: tentar desinfetar-lhe as patinhas.
Os miúdos já fizeram os trabalhos e querem fazer biscoitos de leite. Devorei meio pacote de fécula de batata altamente processada. Vou fazer uma aula de Zumba. Online.