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Covid-19: “Ideia de que a mitigação é uma fase de desespero, não é real” - Henrique Barros 

Canal S+ LP
30-03-2020 22:32h

Com a entrada de Portugal na fase de mitigação, passou a ser exigido o envolvimento de todo o sistema de saúde público e privado, com o nível de alerta máximo e uma elevada capacidade de resposta. Em entrevista ao S+, Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública, explica-nos como podemos olhar para o panorama atual da pandemia de Covid-19.

São ainda muito instáveis as previsões sobre o tempo que será necessário para combater a pandemia de Covid-19 mas, segundo o Presidente do ISPUP, esta fase só poderá ser mais complicada se Portugal não souber responder à exigência.

“O que é previsível é que se comece a dar uma maior importância aos casos mais graves e se deixe menos tempo e atenção para casos leves.” Algo que traz naturalmente uma desvantagem “porque desta forma vamos ficar apenas com a perceção de que a infeção está a ter uma maior gravidade do que aquela que tem na realidade”, adianta.

 

Vários cientistas têm defendido que até ao final do ano haverá uma nova vaga de Covid-19 e um novo ciclo de quarentena. Questionado sobre este tema, Henrique Barros avança que “se nós nos mantivermos muito tempo em contenção, o vírus vai desaparecer muito mais rapidamente e depois reaparecerá quando todos nós começarmos a ter os nossos contactos físicos (…) a esquecermo-nos que temos de limpar as superfícies, lavar as mãos, etc”.

 

Acrescenta ainda que há outros sintomas que podem ser interpretados como indicadores mais subtis e que parecem indicar a chegada da infeção por covid19, como uma dor de garganta, dor de cabeça ou dores musculares. No entanto, deixa o aviso de que “não é uma dor de garganta ou uma dor muscular com curta duração que o deve fazer correr para a linha SNS24”, até porque estes sintomas só merecem atenção quando persistem e quando a pessoa sabe que não é costume acontecerem.

No entanto, “Se queremos detetar os casos não podemos desvalorizar outros tipos de sintomas”, avança. Os sintomas mais conhecidos, com informação reportada relativa a sintomas de 79% dos casos confirmados e divulgados pela DGS, são a tosse(61%), a febre(51%) e a dificuldade respiratória(19%).

 

Numa altura em que Portugal, tal como o resto do mundo, atravessa este grande desafio, o epidemiologista avança quais são as prioridades face a este novo coronavírus.

 

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera, e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo.

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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