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Covid-19: Recivalongo nega existência de resíduos contaminados no seu aterro

LUSA
30-03-2020 21:38h

A Recivalongo recusou hoje a possibilidade de resíduos recebidos de Itália e dos hospitais portugueses depositados no aterro em Valongo estarem contaminados com o novo coronavírus, conforme denunciado à Lusa pela associação ambientalista Jornada Principal.

Em resposta à Lusa, a empresa que gere o aterro em Sobrado, referindo-se aos resíduos que chegam de Itália, garantiu que "são submetidos a um processo de aceitação com tripla verificação (teste e análises) e escrutinados por várias entidades nacionais e internacionais".

Em documento hoje enviado ao Governo, a que a Lusa teve acesso, a associação ambientalista interroga a secretária de Estado do Ambiente porque continua Sobrado, numa "situação de pandemia mundial", a "receber resíduos provenientes de outros países, como é o caso de Itália", frisando serem estes resíduos "enterrados sem qualquer tipo de controlo".

"Não devia o estado português cancelar a receção de resíduos, ainda que temporária, de países que têm grande número de casos da covid-19?", prosseguiu.

A empresa contrapõe, invocando práticas preventivas: "adicionalmente, a Recivalongo efetua, através de um laboratório independente, análises no país de origem dos resíduos, no momento do carregamento, e análises em Portugal, no momento da descarga, para verificar que é o mesmo resíduo que foi autorizado. Aleatoriamente, realizamos ainda análises extra no aterro, também através de uma entidade independente".

Outro tema levantado prende-se com o facto, segundo Diogo Pastor, membro daquela associação, de "todos os hospitais da zona Norte do país" mandarem "os seus resíduos hospitalares G1 e G2 para Sobrado", explicando que apesar de estes resíduos "serem equiparados a urbanos", o facto de os "hospitais estarem num período de excesso de carga, quase todos vão estar infetados com o novo coronavírus".

Também aqui a empresa rebate os receios manifestados, garantindo que "naturalmente, os resíduos hospitalares do Norte, pertencentes ao grupo 1 e 2 - que são os resíduos produzidos nas unidades de saúde equivalentes aos produzidos nas habitações - não estão todos a ser depositados na Recivalongo".

"Os resíduos contaminados com coronavírus são considerados resíduos perigosos, e como tal, terão de ser tratados em conformidade com as instruções da Direção-Geral da Saúde. A Recivalongo não recebe resíduos perigosos", lê-se ainda na resposta à Lusa.

Da presença de gaivotas a sobrevoar o aterro que se vêm no vídeo que acompanhou o documento enviado ao Governo, a empresa confirmou a sua "presença diária durante cerca de 30 minutos”, regressando a seguir ao litoral, depois de se terem deslocado "para os aterros situados no interior da área metropolitana [do Porto], essencialmente para os que tratam resíduos domésticos" onde encontram "abundância de alimento superior".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

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