Um dos principais opositores políticos no Níger é um dos presos que deverá ser libertado devido a uma remissão da pena decidida pelo Presidente do país, com o objetivo de aliviar a sobrepopulação prisional durante a pandemia de covid-19.
Segundo a revista Jeune Afrique, que cita familiares do opositor Hama Amadou, este será um dos mais de 1.500 presos detidos que receberá uma remissão da pena, por ordem de um decreto assinado hoje pelo Presidente nigerino, Mahamadou Issoufou.
Num discurso proferido no sábado, o chefe de Estado do Níger afirmou que iria conceder uma remissão das penas a prisioneiros que preenchessem três critérios: idade, estado de saúde e duração da pena a ser cumprida.
A medida pretende aliviar a sobrepopulação nas prisões do Níger e evitar o agravamento da pandemia de covid-19, provocada pelo novo coronavírus, no país.
Hama Amadou está detido em Filingué, a 180 quilómetros da capital, Niamey, desde novembro do ano passado, tendo sido detido após ter estado três anos exilado entre Paris e Cotonou, no Benim.
Segundo a defesa de Hama Amadou, contactada pela Jeune Afrique, o opositor deverá regressar a Niamey após a sua libertação.
Hama Amadou tinha regressado ao Níger em novembro para homenagear a sua mãe, que tinha morrido no mês anterior.
O opositor político foi detido, porque tinha de cumprir oito meses de uma sentença de um ano aplicada pelo Tribunal de Recurso no caso dos chamados "bebés importados" da Nigéria.
Este caso refere-se a uma rede de tráfico ilegal de recém-nascidos entre o Níger e a Nigéria.
Durante as investigações foram indiciados nomes de altos responsáveis políticos - como é o caso de Hama Amadou, que foi primeiro-ministro entre 1995 e 1996 e entre 2000 e 2007.
Hama Amadou saiu da prisão em março de 2016, para receber tratamentos médicos em Paris, mas desde então não regressou ao Níger.
Ainda assim, a prisão não o fez perder a popularidade, tendo participado nas eleições presidenciais desse ano, alcançando um resultado que o levou à segunda volta.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
África registou casos em 46 países, acumulando 4.871 infetados desde o início da pandemia, 152 mortes e 340 recuperações.
Mais de 50 países e territórios africanos tomaram medidas para conter a propagação da pandemia provocada pelo novo coronavírus em África, incluindo o encerramento total das fronteiras, a suspensão de voos internacionais e a imposição de restrições a viagens ou à entrada de estrangeiros provenientes de determinados países