O Ministério da Justiça líbio anunciou hoje a libertação de mais de 450 detidos para ajudar a evitar a propagação da covid-19 nas prisões de um país minado por conflitos e que regista os primeiros casos de infeção.
Numa declaração à AFP, o ministério confirmou o fim do encarceramento de 466 reclusos e adiantou que estão previstas outras medidas para “reduzir a sobrelotação nos estabelecimentos prisionais", nomeadamente "amnistias para presos que tenham cumprido mais de metade da pena, idosos ou doentes”.
A decisão do Governo de Unidade Nacional da Líbia foi já saudada pela organização humanitária Human Rights Watch (HRW), que a considerou “um primeiro passo positivo”, sem deixar de pedir para se “fazer mais para atenuar os riscos” de contaminação com o novo coronavírus, não só em estabelecimentos prisionais, mas também em centros para pessoas deslocadas.
"Se a covid-19 se espalhar pela Líbia, o sistema de saúde do país não será capaz de lidar com um grande número de pacientes", alertou Hanan Saleh, investigadora da HRW para o país do norte de África.
A libertação de presos é a mais recente das medidas determinadas pelo Governo de União Nacional - e também pelo executivo paralelo no leste do país, sob controlo do marechal Khalifa Haftar – face à pandemia, como o encerramento de escolas, lojas de produtos não alimentares, mercados e clínicas privadas. Foi ainda estendido por cinco horas o recolher obrigatório.
As autoridades comunicaram hoje cinco novos casos de infeção pela covid-19, todos situados na cidade de Misrata, que elevam assim para oito o número total de casos registados na Líbia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000. Dos casos de infeção, pelo menos 134.700 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.