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Covid-19: Hospital de São João faz "rastreio sistemático" antes de qualquer internamento

LUSA
28-03-2020 17:55h

O Hospital de São João vai passar a realizar, a partir das 08:00 de domingo, um “rastreio sistemático” à covid-19 “a todos os doentes com internamento programado ou urgente” naquele centro hospitalar.

”Tendo em conta o atual contexto de pandemia a SARS-CoV-2 foi decidido realizar rastreio sistemático a todos os doentes com internamento programado ou urgente no Centro Hospitalar Universitário de São João, E.P.E. (CHUSJ). A decisão foi tomada dado o risco associado a eventual contágio de doentes e profissionais por utentes eventualmente infetados, mas assintomáticos”, lê-se num comunicado emitido hoje pela instituição.

Salientando que ”esta decisão é excecional e terá efeitos apenas enquanto a situação epidemiológica o justificar”, o CHUSJ sublinha ser “fundamental que os profissionais de saúde mantenham uma vigilância apertada, regular e sistemática de todos os doentes internados, no sentido de identificar precocemente quaisquer doentes com eventual infeção por SARS-CoV-2”.

Segundo explica, “esta abordagem não substitui ou reduz o nível de segurança e a necessidade do uso de equipamento de proteção individual, de acordo com as normas estabelecidas pela UPCIRA [Unidade de Prevenção e Controlo da Infeção e Resistência aos Antimicrobianos], nem as exigências em termos de práticas que garantam a defesa dos profissionais e dos restantes utentes”.

De acordo com as normas hoje anunciadas, o rastreio dos doentes admitidos (exceto para cirurgia) através do serviço de urgência será feito “no momento em que se decida admissão a internamento”, devendo a colheita “ser realizada em sala específica no Serviço de Urgência de Adultos e Pediátrico”.

“Estes testes devem ser considerados prioritários e o seu resultado imediatamente comunicado de modo a ser promovida transferência do doente para o serviço adequado”, refere.

No que se refere aos doentes admitidos para cirurgia urgente através do serviço de urgência, efetuam o rastreio em sala específica daquele serviço.

“Se a cirurgia não puder ser protelada para aguardar resultado de rastreio, devem ser tomadas as precauções preconizadas pela UPCIRA para doente com suspeita de covid-19. Se a cirurgia puder aguardar resultado do rastreio, devem ser internados no respetivo serviço, mas ficarão fisicamente em enfermaria própria para o efeito, no piso 5, até à cirurgia”, explicita.

Nos doentes em que o resultado pré-cirúrgico seja positivo, a cirurgia deverá “decorrer em sala específica covid-19 do bloco operatório e ficarão depois internados em área dedicada”.

Relativamente aos doentes transferidos de outros hospitais e que não realizaram teste covid-19 na instituição de origem, “passam a ser internados no respetivo serviço, mas ficarão fisicamente no Serviço de Otorrinolaringologia (com possibilidade de alargamento para o Serviço de Oftalmologia, quando tal for justificado) nos casos não cirúrgicos, ou em enfermaria própria para o efeito, no piso 5 nos casos cirúrgicos, até se saber o resultado do teste”.

Já os doentes não cirúrgicos admitidos de forma programada deverão realizar rastreio no Hospital de Dia do Centro de Ambulatório (CAM) antes da admissão, sendo que os que à hora de fecho do CAM não têm ainda resultado serão internados no respetivo serviço, mas ficando fisicamente no Serviço de Otorrinolaringologia (com possibilidade de alargamento para o Serviço de Oftalmologia).

Tratando-se de doentes admitidos para cirurgia programada, passam a ser internados no respetivo serviço, mas ficarão fisicamente em enfermaria própria para o efeito, no piso 5, devendo a admissão do doente deve ocorrer 24 horas antes do momento previsto para a cirurgia, de forma a permitir o conhecimento atempado do resultado do rastreio.

Nos casos em que o resultado seja positivo e a cirurgia for considerada inadiável, a operação decorrerá em sala específica covid-19 do bloco operatório e ficarão depois internados em área dedicada.

As normas preveem ainda que os doentes admitidos para o Serviço de Medicina Intensiva e que apresentem suspeita de infeção por SARSCoV-2 serão transferidos para a unidade adequada daquele serviço para realização da colheita e que os doentes admitidos para unidades específicas (Unidades Coronária, AVC ou Queimados) sejam também transferidos para a unidade adequada para rastreio.

No que respeita aos doentes da área pediátrica, “os procedimentos serão semelhantes aos dos adultos”, existindo uma área para despiste de suspeitos enquanto se aguarda o resultado, sendo que “os doentes das áreas de referência de outros hospitais podem ser transferidos enquanto aguardam o resultado do teste”.

No caso da área obstétrica, nos internamentos pelo serviço de urgência o rastreio será efetuado em sala específica e, após o parto, as puérperas positivas ficarão internadas no internamento de adultos covid-19. Já nos internamentos programados deverão ser feitas colheitas no CAM 24 horas antes da programação da intervenção.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 600 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 28.000.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 100 mortes, mais 24 do que na véspera (+31,5%), e registaram-se 5.170 casos de infeções confirmadas, mais 902 casos em relação a sexta-feira (+21,1%).

Dos infetados, 418 estão internados, 89 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou no dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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